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Nanotecnologia e as empresas

A Coordenação de Programas de Estudos Avançados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPEA/UFRJ) encerrou ontem, 29 de novembro, o ciclo de conferências que dedicou à nanotecnologia. Às 17h30, no salão Pedro Calmon do Forum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ, Fernando Galembeck, coordenador do Instituto do Milênio de Materiais Complexos (IMNM) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), dissertou a respeito do tema “Nanotecnologia e as empresas”.  

O cientista definiu três níveis de tecnologia nano. O primeiro, incremental, é o que recebe inovações mais aceleradamente. Consiste em manipular produtos já existentes, beneficiando-los em escala nano a fim de incrementar a eficiência deles em suas utilidades usuais. A nanotecnologia evolucionária avança em passos mais lentos no esforço para inserir no mercado novos produtos. Um exemplo é a cápsula robô – semelhante a um comprimido – que, ao ser ingerida, ilumina e filma todo o aparelho digestivo, servindo para o diagnóstico de doenças através de um método minimamente evasivo e traumático, além de poupar tempo. O nível revolucionário aproxima-se de promessas que provavelmente jamais serão cumpridas apenas com o domínio da nanotecnologia.

O interesse de países por essas inovações, mesmo as mais simples – como tornar uma madeira totalmente impermeável apenas com a aplicação de uma camada líquida desenvolvida em escala nanométrica – é crescente. Fernando atenta para os Programas Nacionais, tomando como referência aquele organizado nos Estados Unidos. O National Nanotechnology Initiative (NNI) envolve a maioria dos principais órgãos de governo no esforço em conjunto de agências dedicadas ao aprimoramento da ciência, da engenharia e da tecnologia em nanoescala.  No planeta, são principalmente as pequenas e médias empresas, muitas vezes apoiadas por influentes multinacionais, que participam da busca por inovações nano. E a formação de redes, afirma o palestrante, é essencial para tirar das nanomanipulações resultados cada vez mais satisfatórios.

O foco está, primeiro, na arquitetação de novos materiais nano, seguindo-se de uma dedicação voltada a produtos medicinais e farmacêuticos. Conscientes do promissor crescimento de espaço para a nanotecnologia no mercado, as empresas enxergam lucros principalmente do que diz respeito à nanocompostos poliméricos e químicos, setor em que está prevista a ampliação em 56% na demanda. Nesta área, destacam-se os investimentos das empresas Kodak, AMCOL International e a Eastman Chemical, além dos institutos de pesquisa da University South Carolina Research Foundation, da Korea Advanced Institute of Science and Technology (KAIST) e de Taiwan.

No Brasil, patentes em nanotecnologia ocorrem principalmente a partir de transnacionais como a L´Oreal e a Procter & Gamble, concentradas no setor químico. Empresas nacionais que despontam na busca por inovações nanotecnológicas são a Plásticos Muller, em convênio com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – fabricando o topo do carro Fiat Idea com melhoramento nanotecnológico –, a Braskem, junto à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) – dedicada ao aumento de resistência a impactos –, a Suzano, auxiliada pela Unicamp – investindo em ganhos mecânicos –, além de O Boticário e da Santista Têxtil.

As atividades da COPEA serão reiniciadas em março de 2008. Como tema central, as novas fronteiras na Biologia. As palestras abordarão estudos recentes e de significativo impacto científico.