O Cinerama, com apoio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CFCH/UFRJ), organizou a pré-estréia do filme “Meu nome não é Johnny”. Nesta terça-feira, 6 de novembro, às 13h, o auditório no campus da Praia Vermelha foi completamente ocupado por estudantes a fim de prestigiar o longa metragem, com roteiro e produção de Mariza Leão, inspirado no romance, de mesmo título, escrito por Guilherme Fiúza. Ambos compareceram, após a exibição do filme, para o debate — moderado por Fernando Salles, professor na Escola de Comunicação (ECO/UFRJ). O evento contou ainda com a presença de João Guilherme Estrella, o homem que viveu a história narrada no cinema e no livro.
Protagonizado por Selton Mello, a trama envolve o telespectador no universo de um grupo de jovens da classe média que se deixa levar por uma vida de festas e muitas drogas. O ator, incorporando João Estrella, explicita a transformação de uma criança que, à medida que se torna adulta e vai conhecendo diferentes cenários, segue do fumo de um “inocente” cigarro de maconha para o consumo excessivo de cocaína, chegando até mesmo a se dedicar ao tráfico ilegal. Sem perder o humor e a naturalidade de um cotidiano aproveitado sem limites, mas que gera conseqüências pesadas, o filme revela também a possibilidade de recuperação de um viciado, traficante, condenado à prisão.
Antes da estréia oficial nos cinemas, prevista para 4 de janeiro de 2008, a equipe de “Meu nome não é Johnny” optou por criar uma via de comunicação com estudantes do Ensino Médio e das universidades, para a discussão da temática central do longa-metragem. A reação da platéia, relata Mariza, encanta porque revela o êxito em construir “uma história que não é guerra e sexo, mas ainda assim prende a atenção de quem está assistindo simplesmente o recorte da vida de um aventureiro”. A produtora relembra que assim que leu o romance de Guilherme Fiúza soube que renderia bons frutos no cinema. “Fatiei o livro, alterei a ordem da narrativa, reinventei em alguns aspectos, mas no papel e na telona estão claramente revelados uma época e um ser humano”, descreve Mariza.
Uma das críticas recebidas por Guilherme, ele conta, foi por ter criado o perfil de um traficante drogado que conquista a empatia do leitor e do espectador. Diferente do que ocorre na polêmica de “Tropa de Elite”, um dos longas-metragens mais comentados do ano, a intenção do autor foi mostrar a questão individual de um usuário de drogas, sem condená-lo. Mariza complementa ter feito questão de conservar isso no seu filme. “É importante que as pessoas fiquem diante de uma narrativa que lhes é próxima. Nenhum de nós pretendia uma análise sociológica de um problema urbano, apenas pôr em evidência que existe também a humanização inerente aos fatos que se desenrolam em uma vida com drogas”. Segundo ela, a transgressão das regras, do comportamento mais correto, é inevitável na juventude, e “Meu nome não é Johnny” é o caso de um adolescente que, na transgressão, demorou a encontrar os limites.
João Estrella elogiou a atuação de Selton Mello e repassou pelo momento em que o livro inspirado em sua vida foi lançado. “Tive alguns problemas de aceitação com minha família, principalmente com minha mãe, e com os amigos que estiveram bem próximos de mim na época em que estava envolvido com a cocaína”. Ao concluir sua pena de prisão, livre do vício, João começou a retomar um sonho do qual havia se desviado. “As drogas me impediram no passado de prosseguir no meu desejo de cantar e compor músicas, de produzir shows”, desabafa. Hoje, além de já ter construído uma confiança no ramo e trabalhado com vários artistas, ele está concluindo um projeto próprio. Em breve, lançará um CD.
Por fim, Mariza deixou um recado. A equipe de “Meu nome não é Johnny” abriu um concurso. Todos que estiverem interessados podem montar um trailer para o filme, e aquele que for selecionado como melhor será exibido oficialmente para a divulgação do longa-metragem. Para mais informações, basta acessar o site www.meunomenaoejohnnyfilme.com.br