A Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EQ/UFRJ) comemora, durante esta semana, 74 anos de tradição e inovação no setor de química do Brasil. A fórmula do sucesso consiste na qualidade em ensino e pesquisa, na excelência nos trabalhos desenvolvidos junto a grandes empresas e, principalmente, na “química” que existe entre os membros da Escola.
A ligação entre estudantes, professores e funcionários vai além dos anos em que eles permanecem na universidade. De acordo com o diretor Luiz Antonio D’Ávila, os vínculos que se formam na Escola de Química são tão fortes que os ex-alunos não apenas mantêm contato, como também retornam à instituição trazendo sua experiência profissional:
“É uma troca: quanto mais eles evoluem na carreira, mais percebem o quanto foi importante a universidade. E o que eles trazem é uma visão indispensável para quem está aqui: uma visão que dá aos nossos alunos a dimensão do que vão ser no futuro”.
Exemplos de tal compromisso são as reuniões periódicas que acontecem através da Associação dos Ex-Alunos da EQ da UFRJ (EXA, EQ/UFRJ) – fundada em 2 de setembro de 1947 – e/ou do Conselho Consultivo, em que são discutidas questões da profissão e da Escola.
Partiu do Conselho Consultivo a idéia de mobilizar a iniciativa privada para revitalização física da EQ, através de uma política de reestruturação das salas de aula. O retorno para as empresas investidoras, além do reconhecimento de sua marca, é a oferta de um ambiente mais propício à qualificação de seus futuros empregados e colaboradores.
De acordo com o diretor, esta parceria tem trazido enormes benefícios à unidade, a qual apresenta deficiências estruturais: “a universidade tem poucos recursos, sobretudo para manutenção e investimento. Esta iniciativa de captar ajuda traz um benefício muito grande para a Escola. Um local agradável, com certeza, influencia o ânimo dos alunos”.
Atuando em prol da sociedade
Enquanto os recursos para graduação são escassos, para a área de pesquisa eles não faltam. Os investimentos vêem de convênios e parcerias com grandes empresas, que procuram a EQ por sua excelência nos setores de química industrial, petroquímica, engenharia de alimentos e de bioprocessos.
Tomado como atividade de extensão (uma vez que é complementar ao ensino e pesquisa), o trabalho desenvolvido pela EQ junto a empresas, para D’Ávila, garante a constante formação e atualização dos professores pesquisadores e, conseqüentemente, dos alunos:
“Não estamos defasados da realidade porque temos uma grande interação com o mercado. A ligação entre empresas e docentes via projetos permite que estes – embora permaneçam na universidade com dedicação exclusiva – estejam antenados nas novidades em suas áreas”.
Com competência técnica e isenção em resultados, a Escola também presta serviço à sociedade: através do convênio com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), ela monitora, desde 1999, os combustíveis disponibilizados aos usuários no estado do Rio de Janeiro, garantindo que o consumidor tenha acesso a um produto não adulterado.
Com destaque inquestionável, resta à área de pesquisa da Escola de Química da UFRJ cumprir o desafio de transformar o saber produzido no “Programa em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos” em tecnologia de fato – o que é uma dificuldade em todo o Brasil, conforme lembra D’Ávila:
“Temos uma boa expressão na contribuição intelectual do país e do mundo, que pode ser medida pelo grande número de artigos e revistas que publicamos. Por que não conseguimos transformar nossa ciência em tecnologia? Está aí nosso grande desafio”.
74 anos de sintonia com o Brasil
Fundada em 1933 – através de uma associação com o Ministério da Agricultura do então governo Vargas – a Escola de Química da UFRJ iniciou suas atividade com o curso de Química Agrícola, que em seguida evoluiu para Química Industrial, atendendo à demanda que existia no pós-guerra por profissionais da indústria no setor.
Outro pilar de sustentação da EQ, o curso de Engenharia Química, criado em 1953, foi o primeiro do Brasil a formar os profissionais da área, que, então, atenderiam – e atendem – à recém-inaugurada empresa estatal Petróleo Brasileiro S/A, a Petrobrás.
Em 2004, foram inaugurados os cursos de Engenharia de Alimentos (como um desdobramento da pós-graduação em Ciências de Alimentos do Instituto de Química – IQ/UFRJ) e de Engenharia de Bioprocessos, que visa à formação de profissionais capazes de viabilizar princípios ativos descobertos por pesquisas de biotecnologia para a produção em escala comercial.
Hoje, consolidada com quatro cursos de graduação, com atividades de extensão e com 375 alunos na pós, a Escola de Química inova na formação dos estudantes, através do aprendizado multidisciplinar, com o intuito de lhes proporcionar uma visão mais completa.
“Durante a Revolução Industrial houve a tendência de especialização. Mas, com a dinâmica da evolução do conhecimento e da tecnologia, ficou cada vez mais claro que qualquer profissional precisa ter uma visão abrangente e saber trabalhar em equipe”, ressalta o diretor.
Em parceria com a Escola Politécnica (Poli/UFRJ) e o Programa de Pós-graduação em Engenharia da universidade (Coppe/UFRJ), o EQ oferece os cursos de Engenharia Ambiental, Engenharia de Automação Controle e Engenharia de Petróleo, tendo este último superado na relação candidato/vaga, do vestibular de 2007, cursos tradicionalmente concorridos na UFRJ.
Confira aqui a matéria realizada pela WebTV UFRJ