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Robótica: as múltiplas faces de uma área promissora

 O Grupo de Eletrônica e Computação da UFRJ (Gecom) realizou nesta quarta-feira (22), no auditório André Rebouças da Escola Politécnica, a terceira edição do Ciclo Gecom de Palestras. O evento, organizado principalmente pelos alunos de graduação, traz a cada edição um dia inteiro de palestras sobre um assunto específico, sendo o desta semana “Robótica: Novos Horizontes”.

Para discutir o assunto, o Ciclo contou com representantes do Laboratório de Robótica da COPPE/UFRJ, com a equipe campeã mundial de combate de robôs, RioBotz, e com pesquisadores da área que participaram de mesas redondas. Os palestrantes apresentaram olhares distintos acerca do mesmo tema, evidenciando sua multi e interdisciplinaridade.

LabRob – o Laboratório de Robótica da COPPE/UFRJ
O colombiano Omar Lengerke, engenheiro de Sistemas de Computação, e Mestre em Ciências de Controle e Automação, representou o LabRob/COPPE na ocasião. O doutorando fez uma apresentação detalhada da linha de pesquisa e de todas as atividades exercidas pelo laboratório que, no decorrer dos anos, já projetou uma infinidade de robôs para os mais variados fins.
 
Omar explicou que a maioria dos projetos é desenvolvida em parceria com as indústrias, que necessitam de serviços específicos em mecatrônica para fins comerciais. Além disso, muitos dos projetos são realizados também em parceria com universidades de todo mundo, no intuito de promover um intercâmbio de informações e conhecimentos relevantes para o desenvolvimento da área da robótica, ainda pouco explorada e desenvolvida.

Entre os exemplos mais interessantes de projetos do LabRob estão os Robôs para Pipelines e Robôs Submarinos, desenvolvidos para a Petrobrás, e o Carro Robô usado na transmissão de imagens do Carnaval de 2002, desenvolvido para a TV Globo. O laboratório também realiza pesquisas para o desenvolvimento de robôs bombeiros para o combate a incêndios, e micro-robôs aplicados à medicina na realização de cirurgias minimamente invasivas, entre muitos outros exemplos ainda em fase de teste.

O professor Dr. Max Suell Dutra, coordenador do laboratório, ressaltou a importância da segurança quando se lida com essa tecnologia de mecatrônica, e afirma que, apesar de os riscos serem reais, “a única maneira de um engenheiro ou pesquisador se machucar em algum dos equipamentos é se desrespeitar as normas de segurança estabelecidas".

O engenheiro acredita que o trunfo da robótica está em sua interdisciplinaridade, uma vez que agrega todos os campos do conhecimento tecnológico. "Em automação precisa-se não somente físicos, como químicos, matemáticos, etc. Temos engenheiros de todas as áreas trabalhando conosco", comentou.

Guerra de robôs: aliando trabalho com diversão
Terminada a apresentação dos professores, foi passada a palavra à equipe RioBotz, campeã do RoboGames 2007, a maior competição de combate de robôs do mundo. A equipe, formada por estudantes das Engenharias de Controle e Automação, Mecânica e Elétrica da PUC-RJ, leva a sério o que muitos consideram apenas uma brincadeira. Os robôs-arma são projetados e construídos pelos próprios alunos nos laboratórios da faculdade.

A equipe apresentou os diversos tipos de robôs, as ferramentas utilizadas assim como todos os processos técnicos envolvidos na produção dos “brinquedos”. Logo em seguida a platéia foi encaminhada ao hall do bloco A do Centro de Tecnologia, onde foi montada uma arena apresentação ao vivo dos robôs em ação, assistida por uma grande quantidade de alunos e curiosos.

Automação com responsabilidade social
O convidado para a mesa redonda que discutiu “Automação versus Responsabilidade Social” foi o professor Ivan da Costa Marques, que trabalha na área de Ciência-Tecnologia-Sociedade no Departamento de Ciência da Computação/IM-NCE da UFRJ.

Para ele, diante da realidade de o Brasil ser um país industrializado com tecnologia/engenharia estrangeira, a Robótica nacional deve abrir-se a novos horizontes, de forma que os laboratórios trabalhem em cima de produtos já existentes, adaptando-os às condições locais – sem que transgridam as normas impostas pelo sistema de propriedade intelectual.

 “Trata-se de analisar bem o produto, contornando aquela patente. Isso pode ocorrer aproveitando as brechas necessariamente existentes em qualquer sistema de propriedade intelectual e atuando por meio de negociações, sempre que possível, favoráveis ao desenvolvimento situado localmente”.

Ivan concluiu sua exposição afirmando que o desenvolvimento de produtos tecnocientíficos deve provir dos laboratórios e dos tribunais, numa atuação conjunta entre pesquisadores e advogados: “não é só a máquina stricto sensu que é projetada/desenvolvida, mas também as leis que regulam a propriedade intelectual dessa máquina, bem como as intervenções dela na sociedade”.