Quando a prevenção não representa a cura para a doença, o diagnóstico precoce figura como o principal aliado do paciente e representa as maiores chances de sucesso no tratamento. Este é o caso do câncer, cuja maior parte dos fatores predisponentes ainda não é conhecida pela comunidade científica.
Este diagnóstico depende de uma conjunção entre a capacidade dos profissionais em suspeitarem da presença do tumor e os recursos tecnológicos que embasem sua suspeita. É na busca desses recursos que a Universidade Federal do Rio de Janeiro está desenvolvendo uma pesquisa com pacientes do Instituto de Puericultura e Pediatria Matargão Gesteira (IPPMG/UFRJ), INCA e Hospital dos Servidores do Estado (HSE), a qual promete ser revolucionária em diagnósticos rápidos e mais precisos de tumores sólidos em crianças.
Conduzida pela doutora Elaine Sobral da Costa, oncohematologista pediátrica do IPPMG e especialista em citometria de fluxo, em colaboração com os doutores Marcelo Land, Sima Ferman e Cristiane Pinto e José Carlos Moraes, respectivamente dos serviços de oncohematologia do IPPMG, INCA, HSE e do Departamento de Anatomia patológica/UFRJ, a pesquisa pretende aplicar a citometria de fluxo – um exame rápido e preciso de detecção de células tumorais no sangue – aos casos de diagnóstico de tumores sólidos na infância, como o neuroblastoma, o tumor de Wilms, o sarcoma de Ewing, por exemplo.
Se confirmados os resultados, o método seria capaz de dar, em uma ou duas horas, um resultado preciso sobre de que tipo celular derivou a doença em questão. A citometria de fluxo ainda está sendo analisada como possibilidade de detectar uma pequena quantidade de células do tumor sólido que estejam circulando na corrente sanguínea.
Este tipo de exame será comparado ao método de diagnóstico atualmente considerado padrão, o exame histopatológico, que analisa ao microscópio o tecido corado. “Como é um método de rápida execução, se conseguirmos obter um diagnóstico preciso para os tumores sólidos na infância através da citometria de fluxo, seremos capazes de classificar o tumor em poucas horas. Portanto, o sucesso desta investigação pode implicar em um início mais precoce do tratamento”, explica doutora Elaine.
Na aplicação da citometria de fluxo para diagnóstico de tumores sólidos, o material é macerado e filtrado para que as células se soltem. A seguir, é posto em contato com anticorpos, que reconhecem e se ligam a proteínas da membrana celular. Cada anticorpo está conjugado com uma molécula capaz de emitir uma fluorescência distinta. As células em suspensão são aspiradas pelo aparelho, onde milhares de células passam uma por vez em um capilar fino sobre o qual incide um laser. As moléculas, excitadas pelo laser, emitem as diferentes fluorescências, que são lidas pelo aparelho.