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Casa da Ciência discute doping

A Casa de Ciência iniciou nessa terça-feira, 8 de maio, o ciclo “Química e Esporte para poetas” com a palestra “Quem engana quem? – Doping e atividade física. O evento foge da linguagem especializada, o que torna possível o acesso ao público leigo. O debate também foi veiculado em tempo real, através da internet, para alunos do Ensino Médio de três escolas públicas.

Francisco Radler de Aquino Neto, do Departamento de Química Orgânica do Instituto Química, definiu a importância dos exames anti-dopings como instrumentos de saúde pública. Para aproximar-se do público jovem que o assistia, deu uma breve explicação de doping: “é o uso de substâncias ou métodos potencialmente perigosos para a saúde do atleta, capazes ou não de aumentar o seu desempenho”.

Uma pesquisa revela que dos seus 198 atletas entrevistados, 192 afirmam que tomariam drogas promotoras de desempenho caso tivessem a certeza de que não seriam descobertos. Quando questionados da possibilidade dessas substâncias causarem a sua morte cinco anos depois, 50% declararam não importar-se.

Segundo Francisco, esses dados podem ser explicados pelo fato do esporte ser uma atividade com reflexo muito intenso na relação do atleta e sociedade. Esta última, o pressionaria tanto que levaria o esportista a usar drogas para nunca perder seu potencial. “As pessoas têm necessidade de vencer a qualquer custo, além do esporte estar muito ligado à ascensão social”, conta.

Outro motivo que levaria atletas e, nesse caso não atletas também, a fazerem uso de drogas do tipo anabolizantes seria o padrão de beleza imposto pela sociedade. “O uso de anabolizantes não está mais ligado ao aumento de força. Criou-se a idéia da obrigação de que todos devem estar sarados”, diz o professor de química.

No entanto, muitos não conhecem as conseqüências decorrentes do uso dos esteróides. Francisco afirma que são as mesmas de um usuário de cocaína. Pode-se citar AVC, cardiopatia, alteração no humor e na dicção, câncer no fígado e rins e HIV ou hepatite, por contaminação pelo compartilhamento de agulhas.

Nas mulheres, as alterações descaracterizam a feminilidade. Diminuição dos seios, amenorréia, atrofia uterina, voz mais graves, entre outros, são algumas das conseqüências.

UFRJ no Pan

O laboratório da UFRJ na qual Francisco faz parte será o responsável pelos exames antidoping nos Jogos Pan-Americanos 2007. O professor explica que esse controle é fundamental na proteção da ética esportiva, dos adversários e do próprio atleta. “Temos testes de amostragem rigorosos, feito de tal forma que dificilmente o atleta consegue burlar”, revela.

As palestras vão até dia 26 de junho e sempre terão dois especialistas falando sobre o mesmo tema, com diferentes visões: um professor do Instituto de Química e outro da Educação Física.