O primeiro dia do evento “Pós-modernismo, a indiferença e a barbárie”, promovido pela Faculdade de Letras da UFRJ, foi marcado por um autêntico confronto de idéias sobre o tema. Enquanto o professor da USP e sociólogo, Massimo de Felice, preferiu ângulos de esperança, o professor titular de Psicologia da UFRJ, Joel Birmam, deixou a crítica como marca de seu discurso. O debate foi mediado pelo diretor da FL/UFRJ, o professor Ronaldo Lima Lins, que instigou ainda mais o encontro, lembrando que se vive uma “época sem características”, mas que o nosso modo de vida está marcado pela competição e a violência.
“Não me sinto um sinto um defensor, mas tampouco um inimigo do pós-modernismo. Um conceito discutível, pois muitos acreditam que ainda estejamos numa extensão modernidade, também chamada de hiper ou supermodernidade”, explicou Felice, lembrando que o momento propicia a busca de caminhos que superem os paradigmas clássicos – marxismo e psicanálise- que já não dão conta de explicar esta realidade. “A crise das grandes narrativas é um fato descrito por Lyotard (filósofo francês). Hoje, com o advento da sociedade de informação, pontos de vistas, historicamente silenciados como os dos indígenas, passaram a ser conhecidos. Há uma transformação da linguagem de mono para polifônica. Na Europa, já uma corrente que defende o pós- humano a partir do entendimento das novas técnicas”.
O professor Joel Birman tratou de afastar o tom de “fla-flu” do debate, mas lembrou que é inevitável o julgamento, em que a ética se faz presente. Deixando a discussão dos tempos pós-modernos para os teóricos, preferiu resgatar o modernismo como o desejo de ruptura com o ideário moderno, destacando que com Nietzche matamos Deus e com Freud, o pai. “Hoje, com a dita pós-modernidade, há um esvaziamento da intensidade emocional. Temos mil canais de televisão, dizendo que a dor está lá no Haiti ou do outro lado. Quanto à linguagem, há uma perda da sua capacidade metaforizante. Também perdemos a noção de temporalidade e da história, vivendo-se um eterno-presente. O que nos restou foi o corpo, como bem supremo dessa cultura narcísica, que faz das academias o atual santuário do pós-moderno”.
Os debates continuam hoje (9/5), às 11 horas, no auditório G-2 da FL/UFRJ. Na mesa: Rosana Bines, Andréa Lombardi e Juarez Tavares.