A questão ambiental é o desafio do século XXI para a humanidade. O problema equipara-se a outros como a pobreza, ética, guerras e está associado aos processos desenvolvimentistas do mundo. Pensando nisso, o Ciclo “O Futuro da Terra”, organizado pela Copea (Coordenação de Programas de Estudos Avançados), apresentou dia 19 de abril a conferência “A visão do cientista sobre o Aquecimento Global”. O evento aconteceu no auditório Pedro Calmon e contou com a presença de Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Em 2002, no desenvolvimento das oito Metas do Milênio, a questão ambiental já estava presente. Em 2007, com a apresentação constante de pesquisas que demonstram os efeitos reais da emissão desenfreada de CO2, essa meta ganha foco. “O planeta vivo não se encontra em estado análogo ao do passado. Vê-se a velocidade do aumento do aquecimento e o aumento do nível do mar”, preocupa-se Carlos.
O professor explica que através das calotas polares e suas bolhas de ar é possível saber a história da atmosfera terrestre. Através de um estudo dessas bolhas, sabe-se que há cerca de 1 milhão de anos atrás a concentração de CO2 no planeta era de 300 partes (por um milhão), o que controlava a temperatura em uma espécie de grande termostato. Isso criou as condições necessárias para o desenvolvimento da vida na Terra.
Com a queima dos combustíveis fósseis e o desmatamento tropical, a emissão de CO2 aumentou sensivelmente, o que levou a um desequilíbrio nessa taxa. Estima-se que hoje tenhamos 800 partes (por um milhão) de CO2.
Em curto prazo não há maneira de acabar com o problema. Mesmo que através de acordos mundiais decidisse-se que hoje a emissão de CO2 reduziria o necessário, os estragos seriam sentidos até pelo menos 2020.
O necessário está longe de ser alcançado. Pesquisas revelam que em 1999 a emissão de CO2 per capita mundial era de 1,04 toneladas. Esse número deveria ser reduzido em pelo menos 60% para que os atuais efeitos fossem reduzidos.
Segundo Carlos, os países desenvolvidos não parecem querer entrar nessa empreitada. Só os Estados Unidos emitem por pessoa, ao ano, 5,5 toneladas de CO2 na atmosfera. “Os países desenvolvidos dizem que não podem reduzir sua emissão, pois já possuem um parque industrial montado há décadas nesse modelo. E exigem dos países em desenvolvimento que cresçam industrialmente com energias renováveis. É fácil falar, difícil é fazer”, revela.