Foto: Agência UFRJ de Notícias |
O segundo encontro do projeto Quintas de Diálogos, organizado pelo Conexão de Saberes: Diálogos entre a universidade e as comunidades populares – iniciativa que busca estratégias políticas e mecanismos pedagógicos para promover a democratização do acesso ao ensino superior no país -, focalizou os caminhos do futuro da universidade.
debate “Que projeto de universidade para que projeto de sociedade?”, realizado dia 19 de abril no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Sociais (CFCH), contou com a presença do Luiz Antônio Cunha, da Faculdade de Educação da UFRJ, e da professora Ângela Siqueira, da Faculdade de Educação da UFF.
Luiz Antônio Cunha deu um panorama sobre a questão da autonomia universitária. Para isso, contou a história do nascimento das primeiras universidades na Idade Média. Segundo o professor, elas são fruto da Igreja Católica, o que as levava a sofrer sérias restrições ideológicas e políticas.
Parece que o cenário atual não mudou muito. Luiz Antônio revela que, recentemente, em Brasília, uma universidade católica dispensou uma de suas professoras devidos suas declarações a favor do aborto. “Lembro ainda que, quando trabalhava na PUC-RJ, vi um projeto de filosofia ser desfeito por que não era interesse do cardeal da época. Isso não é só nas universidades católicas. As metodistas e presbiterianas também exercem muitas censura nos seus centros universitários”, conta.
Ser atrelada a instâncias políticas infelizmente também prejudica o crescimento da universidade. Como o espaço universitário é por excelência engajado, há a dificuldade da obtenção de autonomia por questões políticas. “A universidade brasileira tem dificuldade de liberação de recursos caso adote uma posição política contrária a vigente”, explica Luiz que se orgulha da multiplicação de posicionamentos na universidade.
Ângela Siqueira preferiu ser pontual na escolha de sua palestra. Tratou criticamente das proposições da Universidade Nova.
– A Universidade Nova diz que irá solucionar o problema da evasão nos cursos. Diz que a culpa desse problema é a precocidade da escolha do vestibulando. Porém não considera outros fatores como causadores da evasão, como o desemprego. Ela também abole o tripé ensino-pesquisa-extensão. Acredita que podem existir diferentes tipos de instituições, inclusive aquelas que não precisam desenvolver pesquisa. Segundo um documento no site da Universidade de Brasília, bastaria adquirir pesquisas prontas – relata a professora.
Os encontros Quintas de Diálogos acontecem sempre na terceira quinta-feira de cada mês, às 14h. A próxima palestra, dia 17 de maio, abordará o tema “Classe X Raça: um falso debate?”.