O Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ deu continuidade ontem (15/03), no salão Pedro Calmon, ao projeto Encontros Científicos. Com “Impacto Global das Mudanças Climáticas”, ministrado por Enéas Salati – diretor técnico da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável –a Coordenação de Programas de Estudos Avançados (Copea/UFRJ) inaugurou o primeiro semestre de 2007 de seu Ciclo – agora intitulado de “Geosfera e Biosfera” – que funciona há 13 anos.
Para mostrar a importância da discussão sobre o futuro da Terra, os organizadores do evento projetaram em slides dados de 2000 sobre a situação do planeta. Segundo os tópicos, metade dos residentes urbanos são expostos às partículas tóxicas, em 25 anos, metade da população pode ter dificuldade para encontrar água potável e, com a exploração da madeira e queimadas, a extensão de florestas do planeta já foi reduzida pela metade. Os organizadores ainda ressaltaram que essas informações devem ser mais alarmantes, já que em 7 anos, pouco foi feito para a reversão do quadro.
Com a palavra, Enéas explicou os fatores que levam ao aumento da temperatura no planeta. A queima constante de carvão mineral, petróleo e de árvores liberam muitos gazes que, concentrados, proporcionam o efeito estufa.
– O planeta está retendo energia. Algo entorno de 1.6 watts por metro quadrado. Em 1750, essa retenção era zero, ou seja, a energia que chegava era irradiada. Nessa época a Terra estava em equilíbrio – declara o diretor técnico da FBDS.
Os oceanos também tiveram seu equilíbrio alterado. Com 0,5 graus a mais na temperatura, há o derretimento das geleiras e o aumento da umidade do ar. Enéas informa ainda outros quatro males do aquecimento global: furacões mais fortes, o Brasil passa a ficar na rota de ciclones, o nível do mar subiu (um avanço de mais ou menos cem metros na praia) e desertos avançam.
Infelizmente, já se contabilizam vidas também. Em Paris, 23 mil pessoas foram mortas pelo calor fora do normal.
Mudança é responsabilidade do homem
Durante a palestra, Enéas Salati deixou claro que não é possível mensurar o quanto a temperatura terrestre continuará aumentando.
– Não sabemos o comportamento humano. Se continuarmos ignorando o planeta, em 2100 a temperatura pode ter ganhado 6,4 graus. Porém, eu acredito na humanidade. Já existem muitos movimentos e temos a capacidade de inventar. Se o aquecimento global é causado pelo homem, ele tem a capacidade intrínseca de evitar o que ele mesmo faz – finaliza, esperançoso, Enéas.