Categorias
Memória

“Conexões de Saberes”: permanência com qualidade

hhgffjhcjhcjhc

Atualmente, o grande debate nas políticas públicas educacionais está direcionado à democratização do ensino superior. O acesso ao curso universitário para jovens de famílias de menor poder aquisitivo ainda é algo distante de suas realidades. No entanto, aos poucos esse panorama vem se modificando, com a inserção de jovens de origem popular nas universidades públicas do país. A partir dessa perspectiva, o foco do debate muda de posição: agora a discussão é a permanência destes jovens na universidade.

É nesse sentido que o programa “Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares”, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), surge como elemento fomentador no intercâmbio cultural entre dois saberes – o acadêmico e o popular.

Na opinião da coordenadora do projeto na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professora Carmen Tereza Gabriel, o maior desafio é: “articular os saberes e o conhecimento dos estudantes de origem popular com os da universidade, em função de um debate que se tem hoje sobre a democratização do ensino superior”, ressalta. A idéia da coordenadora é que esses alunos se formem e possam atuar como líderes comunitários, tendo uma efetiva participação social em seus locais de origem.

No ano de 2005, o “Conexões de Saberes” começou a mapear dentro da universidade quem eram os estudantes de origem popular. Segundo a superintendente acadêmica da Pró-Reitoria de Extensão (PR-5), Ana Inês Sousa, os critérios para essa identificação foram o nível de escolaridade dos pais e como os estudantes viam seu local de moradia. Dos 25.266 alunos que responderam às perguntas, foram identificados 2004 estudantes de origem popular. Ou seja, alunos que tem pais com baixo nível de escolaridade e que moram em áreas periféricas da cidade.

Segundo Viviane Silva Santos, bolsista do projeto, a distribuição dos alunos de origem popular pelos cursos oferecidos está voltada aos de baixa relação candidato/vaga e aos noturnos. “É mais comum ver alunos de origem popular nos cursos noturnos porque eles podem trabalhar durante o dia para se sustentarem ou ajudarem suas famílias”, explica.

Seminário

Na próxima terça-feira, dia 20 de junho, será realizado o “I Seminário Local: Acesso e permanência dos estudantes de origem popular na UFRJ em debate”. O evento acontecerá no Salão Azul, prédio da Reitoria, campus do Fundão. Na ocasião será lançada a coleção Caminhadas de universitários de origem popular.
De acordo a coordenadora, o seminário é uma forma de discutir sobre políticas de protagonismo e permanência dos jovens de origem popular na universidade sem cair em políticas assistencialistas. “Esses estudantes têm um potencial transformador, que precisa ser valorizado. Dar bolsas a eles é garantir sua permanência na universidade e permitir que possam competir em pé de igualdade com outros alunos”, explica.

Caminhadas

O livro Caminhadas de universitários de origem popular traz relatos sobre as alegrias e as lutas de centenas de jovens, que contrariam a forte estrutura desigual que ainda impede o pleno acesso dos estudantes mais pobres às universidades de excelência do país ou só permite para os cursos com menor prestígio social. Entre essas experiências, os autores refletem sobre as influências, as relações familiares durante suas trajetórias, suas dificuldades e sucessos. Segundo Viviane Silva Santos, “o livro é bom para discutir em que condições os alunos de origem popular chegam à universidade e quais são as condições atuais do ensino público básico, fundamental e médio do país”.