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Memória

Museu Nacional será revitalizado

Criado por Dom João VI, em 1808, o Museu Nacional ocupa, desde 1892, o antigo Paço São Cristóvão Imperial na Quinta da Boa Vista, prédio que, durante quase um século abrigou a família real portuguesa, posteriormente a família imperial brasileira e, de 1889 a 1891, acolheu os trabalhos da primeira Assembléia Constituinte Republicana. Apesar de sua relevante presença na história, o atual Palácio de São Cristóvão encontra-se em precário estado de conservação.

agencia844T.jpgCriado por Dom João VI, em 1808, o Museu Nacional ocupa, desde 1892, o antigo Paço São Cristóvão Imperial na Quinta da Boa Vista, prédio que, durante quase um século abrigou a família real portuguesa, posteriormente a família imperial brasileira e, de 1889 a 1891, acolheu os trabalhos da primeira Assembléia Constituinte Republicana. Apesar de sua relevante presença na história, o atual Palácio de São Cristóvão encontra-se em precário estado de conservação.
Para reverter este quadro, foi realizada dia 22 outubro, no Palácio Gustavo Capanema, sede da representação do MEC, uma reunião Interministerial, quando foram assinados protocolos de cooperação visando revitalizar a mais antiga instituição nacional dedicada à ciência geral.
Entre os signatários estiveram o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira; o diretor do Museu, Sérgio Alex de Azevedo; o Ministro da Cultura, Gilberto Gil; o Ministro da Educação, Cristovam Buarque; o assessor de políticas do Turismo, José Roberto de Oliveira, representando o Ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia; e o presidente do Jardim Botânico, Liszt Vieira, representando a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
Com o amparo de verbas da ordem de 40 milhões de reais, a serem captadas com o apoio do governo federal, atividades cientificas do Museu serão transferidas para espaços externos ao Palácio de São Cristóvão. A sede ficará exclusivamente destinada às exposições permanentes e temporárias e às atividades a elas diretamente relacionadas, como os serviços de Museologia e de Assistência ao Ensino.
Estas modificações foram pensadas em reuniões entre o Ministério da Educação e o Ministério da Cultura. Nelas surgiu a idéia de uma ampla programação conjunta priorizando restauração do prédio, a reorganização institucional e recuperação da área física do Museu. Além disso, será dada preferência ao desenvolvimento do potencial adormecido desta secular instituição, como um programa de turismo cultural, científico e ecológico, ao lado dos programas e projetos de importantes atividades de pesquisa.
O professor Aloísio Teixeira destacou que a importância de tal evento: “trata-se de uma questão que envolve um patrimônio histórico e cultural que não é da Universidade nem do Museu, mas sim do povo brasileiro e, mais do que isso, da humanidade”. Para evitar que o problema da escasses de recursos se recoloque daqui há alguns anos, o reitor defendeu a criação de um estatuto especial para o Museu, pelo qual ele não dependa dos escassos recursos da UFRJ.
O professor Sergio Alex ressaltou que o Museu não é só história, ele atua hoje também como uma importante instituição de pesquisa que alcança o âmbito nacional e global. Sua função social, destacou o diretor, é a geração de conhecimento científico e coleções científicas, e, por meio destas, a transmissão de conhecimento tanto para a educação formal quanto para a população em geral. Isso porque existe uma vinculação com a UFRJ, que mantém quatro cursos de pós-graduação, e uma com a educação básica, em que as portas ficam permanentemente abertas para visitas de escolas públicas às exposições. Ao mesmo tempo, ele possui uma biblioteca que é referência nacional.
Para Gilberto Gil, o Museu está localizado numa zona social muito importante, dentro do tecido social que se encontra tão esgarçado na cidade do Rio de Janeiro. O fato dele estar situado em São Cristóvão faz com que sirva como marco de referência histórica à população, que não teria acesso a essa dimensão tão importante da cultura nacional se a instituição não fosse ali. O Ministro da Cultura chegou a acreditar que se o Museu fosse situado numa área mais nobre da cidade, talvez não estivesse na situação de descaso e abandono em que se encontra. No entanto, percebeu que uma série de outras instituições de valor histórico e patrimonial localizadas em zonas mais valorizadas também se encontram em situações semelhantes.
Perguntado sobre de que forma será feita a captação de recursos, Gil se apropriou de uma frase de outro ministro do atual governo: “Dinheiro não faz projeto, projeto é que faz dinheiro”. Só para construção dos anexos, numa área de 14.500 m2, estima-se um custo de R$ 20 milhões e para a restauração total do Palácio (numa área total de 12.000 m2), outros R$ 20 milhões.
Os projetos já estão desenhados, o que favorece a obtenção de recursos e possibilita modular execução das obras.
O Ministro da Educação, Cristovam Buarque foi categórico: “Não há possibilidade de educação sem cultura, pois educar é passar cultura, transformando e enriquecendo o indivíduo”.
O ministro foi favorável a idéia do prefeito César Maia trazer o museu Guggenheim para o Rio de Janeiro. Mas, já que não foi possível fazê-lo, ele acredita que parte do dinheiro enpenhado na proposta poderia ser usado na transformação do Museu Nacional numa referência mundial. Buarque pretende fazer pessoalmente esta proposta a César Maia.
Ele também destacou duas questões urgentes: “Se não fizermos logo esta revitalização do Museu, estaremos sendo omissos com as gerações anteriores que nos deixaram esta herança. Agora, se além de não o recuperarmos e o ampliarmos, nós, por um cochilo qualquer, perdermos aquele patrimônio por causa da falta de segurança, aí nós seremos criminosos”. Por este motivo o ministro agendou uma reunião em Brasília com Aloísio Teixeira e com Sérgio Alex para, de imediato, começarem uma campanha visando a segurança do Museu Nacional.