O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carlos Lessa, pediu a inserção, em regime de urgência, do tema Segurança na pauta do Conselho Universitário desta quinta, 24. Lessa está preocupado não apenas com as constantes violências e roubos sofridos por alunos, professores e funcionários, sobretudo no campus do Fundão, mas também com a falta de definição de entidades representativas da comunidade acadêmica sobre o Plano de Segurança apresentado pelo secretário de Estado Roberto Aguiar, desde 19 de agosto.
As entidades marcaram debates sobre o tema até o final de novembro.
NÚMEROS DA VIOLÊNCIA
Visivelmente preocupado, Lessa avisou que nesta quinta a situação precisa ser definida. “Fiz tudo o que podia fazer. As pessoas estão sofrendo até seqüestro relâmpago. Se os membros do Conselho Universitário não tomarem uma decisão sobre a questão da segurança, a responsabilidade sobre a violência no Fundão será dos que disseram não ao Plano”. Lessa apresentará alguns números e depoimentos sobre a violência, inclusive o custo das empresas de segurança, que poderia servir para pagar outros débitos – como a conta de luz – ou investimentos em infra-estrutura.
Para oferecer soluções de segurança através das instituições públicas e autoridades competentes, a Reitoria procurou ouvir também a Superintendência da Polícia Federal e especialistas da própria UFRJ, atitude que foi classificada, em matéria publicada no jornal do Sindicato nesta segunda, 21, de “exagerada”.
CONTROVÉRSIAS: LUZ CRITICA SECRETÁRIO E REITORIA
A situação se complicou quando o ex-chefe de Polícia Civil, Hélio Luz, convidado para o primeiro destes debates, deu declarações sobre a presença da polícia militar no campus do Fundão através de polígonos de segurança e de um batalhão. Rompido com o PT, Luz não poupou críticas ao Plano oferecido pelo governo Benedita. “Só funcionaria na Europa”, pois para ele a polícia do estado é corrupta e, onde ela vai, traz mais bandidos.
Luz sugeriu medidas como “capinar e iluminar” a ilha e disse que o policiamento deveria ser feito por algo como um batalhão escolar, mas não explicou como estas providências poderiam inibir traficantes fortemente armados que usam a ilha para roubar carros, desovar cadáveres e contrabandear drogas via baía de Guanabara.
No debate, a aluna Gilda Moreira, da Associação de Pós-graduandos, disse que “a entidade não entende segurança como sinônimo de policiamento”. Jose Sanglard, da Associação de Docentes, afirmou que a entidade é “contra qualquer estrutura física aqui, seja polígono, batalhão ou delegacia. Vemos como uma ameaça à autonomia universitária. O que deve haver é um esquema simples de ronda com autorização da UFRJ – sediada fora do campus”.
O clima ficou realmente tenso quando o vice-reitor Sérgio Fracalanzza abordou a pressão que a Reitoria sofre em relação à falta de segurança que a comunidade sente para estudar e trabalhar: “A gente não pode mais postergar a solução”. Segundo ele, a autonomia não seria ferida, e, hoje, é que elas está ameaçada por marginais, numa situação já crônica, desde a gestão passada. “Os policiais militares fariam o policiamento preventivo nas áreas externas, sem ingerência dentro dos prédios.” Luz sugeriu que a Reitoria tentava esconder a própria incompetência mencionando uma administração anterior. A atual reitoria foi eleita com 85% de aprovação da comunidade, e aclamada por todo o poder legislativo.