Cem professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) receberam, na quarta-feira, 15/10, algumas das primeiras emissões da Carteira Nacional Docente do Brasil (CNDB). A cerimônia de entrega, realizada em comemoração ao Dia do Professor, aconteceu na Arena Olímpica Isabel Salgado, na Barra da Tijuca, e contou com a presença do presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva, e do ministro da Educação, Camilo Santana.
Em um discurso marcado pela defesa da educação como motor do desenvolvimento nacional, Lula destacou que “a educação é aquele caminho que a gente aponta e vê a luz no fim do túnel”. Ao todo, 1,5 mil professores de diferentes instituições de ensino públicas e privadas receberam a nova CNDB. “Estamos entregando aqui 1,5 mil carteiras para os professores do Rio de Janeiro, como o início da entrega de 2,7 milhões de carteiras que poderão ser emitidas no Brasil”, disse o ministro Camilo.
Com validade de dez anos, a CNDB será reconhecida em todo o território nacional como documento oficial e facilitará o acesso a vantagens já garantidas aos professores, além de novos benefícios do programa do Governo Federal Mais Professores para o Brasil, que busca promover a valorização e a qualificação do magistério e o incentivo à docência no país. Algumas das garantias são as seguintes: meia-entrada em eventos culturais (cinemas, teatros, shows), cartões de crédito com condições diferenciadas e descontos em hotéis, lojas físicas e de e-commerce.

A iniciativa é uma conquista para professores da educação básica e superior, de escolas e instituições públicas e privadas. “O médico tem carteira, o engenheiro tem carteira, o jornalista tem carteira, o professor não tinha carteira. Então, essa ideia é muito mais do que eventuais descontos. É o orgulho, né? Quando pedirem sua identidade, você mostra a carteira de professor”, ressaltou o reitor da UFRJ, Roberto Medronho.

“Eu acredito que a carteira nacional docente tem o significado de unir os professores do Brasil a partir do reconhecimento da nossa identidade”, afirmou a professora e chefe do Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular da UFRJ, Tatiana Sampaio, que recebeu o documento das mãos do presidente Lula.
Ainda que entusiasmados com o recebimento das carteiras, os professores reconheceram a necessidade de ações mais concretas para a valorização da docência no país. “É importante que a gente tenha mais investimentos na educação, que a gente possa trabalhar mais por isso, porque o país só vai crescer com educação, ciência, tecnologia e inovação”, avaliou o decano do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, Luiz Eurico Nasciutti.
“Economicamente, o investimento em educação ainda está aquém do desejado. Mas, simbolicamente, a gente se sente mais valorizado, principalmente quando comparado com governos anteriores, nos quais a gente era criminalizado, perseguido”, afirmou Mayra Goulart, professora do Departamento de Ciência Política (DCP) da UFRJ e ex-presidente da Adufrj, o sindicato dos docentes da Universidade.



O sistema de solicitação da Carteira Nacional Docente do Brasil será aberto hoje, 16/10, por meio da página do programa Mais Professores, com acesso via conta gov.br. Para ser elegível, é preciso ter o Cadastro de Pessoa Física (CPF) regular junto à Receita Federal e estar em exercício da atividade docente em uma instituição de ensino.
Confira o vídeo oficial de divulgação da CNDB.
Avanços no campo da Educação: democratização do acesso ao ensino superior
Além do reconhecimento da importância dos professores e da Educação para a construção de um país menos desigual, as autoridades presentes na cerimônia falaram sobre os avanços conquistados nesse campo. Dentre eles, a política de cotas, que democratizou o acesso ao ensino superior e foi recentemente ampliada pela Lei nº 15.142, com a reserva de 30% das vagas oferecidas em concursos públicos no âmbito da administração pública federal às pessoas pretas e pardas, indígenas e quilombolas.
Na cerimônia de entrega das carteiras, o presidente destacou que seu governo “não faltará com atitude para tentar melhorar a educação neste país” e ressaltou a importância de formar profissionais capazes de impulsionar o futuro tecnológico do Brasil. “Nós precisamos formar mais engenheiros, mais matemáticos, mais especialistas em inteligência digital. Nós temos que exportar inteligência, conhecimento, tecnologia”, disse.

Lula afirmou que seu compromisso com a educação é também um projeto de país. “Eu quero provar ao mundo que a gente pode consertar o país. Este país merece uma chance. Eu quero que meu neto, o neto de vocês, o bisneto de vocês tenham aquilo que eles têm direito”, defendeu. Para o presidente, o acesso à educação de qualidade é sinônimo de soberania e dignidade. “Eu quero que o filho de uma empregada doméstica possa disputar uma vaga na universidade ao lado do filho da patroa. Quero garantir que todos tenham as mesmas oportunidades. A gente sonha que o filho da gente tenha uma boa educação, uma boa formação profissional, para viver independente a vida inteira. E é isso que eu quero para este país. Soberania significa qualidade de vida do nosso povo, significa direito de andar de cabeça erguida”, concluiu o presidente.
