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Minerva: tradição e vanguardismo

Projeto ajuda a revigorar o ensino na primeira universidade do Brasil

Uma prática docente renovada é o que busca cultivar, nas salas de aula da centenária Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Projeto Ideia, idealizado pela Pró-Reitoria de Graduação (PR-1) e conduzido pelo Núcleo de Educação a Distância (Nead). Há um ano, a iniciativa oferece suporte a professores da graduação e da pós para o desenvolvimento e a implementação de novas técnicas de ensino, atendendo a objetivos que vão desde a redução das taxas de evasão de disciplinas complexas à criação, do zero, de novas. O nome é um acrônimo para Iniciativas de Ensino Inovadoras para a Aprendizagem.

Tudo começa com um “pedido de ajuda”, feito por e-mail, no qual o docente relata o motivo do interesse na parceria com o Nead. Em seguida, o primeiro encontro com a equipe – que atualmente se organiza em seis grupos de trabalho, compostos por um orientador e três bolsistas – é agendado.

“Nessa reunião inicial, a gente faz uma espécie de anamnese da disciplina junto com o professor. Quais são os desafios e as expectativas? Como valorizar os temas para motivar o aluno e viabilizar aulas mais engajadoras? Em que pontos da disciplina precisamos trazer mais a turma para a participação?”, explicou a designer instrucional e pesquisadora da UFRJ Cristine Barreto, uma das coordenadoras do projeto, ao lado das professoras Andréa Salgado e Margarete Macedo.

“Dinâmica da teia”, empregada em uma disciplina eletiva dos cursos de Engenharia: ferramenta ajuda a fortalecer as relações interpessoais, reforça a importância de cada indivíduo para o conjunto, promove a empatia e melhora a comunicação e o senso de colaboração | Foto: Nead/Divulgação

A partir das informações levantadas, uma proposta preliminar é elaborada pelo grupo de trabalho envolvido. Em um novo encontro, a ideia é discutida com o professor e, em seguida, ajustada e redesenhada até que se encontre pronta para implementação – processo que dura, em média, um semestre.

“Promovemos um ambiente acolhedor para os professores que aderem ao projeto. Oferecemos apoio técnico para aspectos a serem aprimorados na oferta de suas disciplinas, tais como o aporte de tecnologias digitais ou a introdução de metodologias educacionais, visando a promover uma participação mais ativa dos estudantes”, compartilhou o superintendente acadêmico e coordenador do Nead, Carlos Bielschowsky.

Para Marcia Garnica, professora da Faculdade de Medicina, o desafio era a incorporação de novas tecnologias e ferramentas pedagógicas para o ensino da disciplina Infecções em Pacientes Imunodeprimidos, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica (PPGCM).

“A estrutura da disciplina, ainda focada em aulas e seminários, em um padrão muito tradicional de ensino, me deixava incomodada. Nesse sentido, ter uma interlocução com pessoas da Educação me motivou. Dentro da Faculdade de Medicina, temos muita interação com laboratórios, com a parte de pesquisa etc., mas, a meu ver, a gente carece muito de pensar fora da caixa a parte da Educação, que está muito avançada”, relatou Marcia ao Nead, após sua participação no projeto.

Já o professor Marcello Campos, que leciona Álgebra Linear II no curso de Engenharia Eletrônica e de Computação da Escola Politécnica, queria valorizar o protagonismo do aluno no processo de aprendizagem. Tal objetivo foi alcançado com o emprego de métodos como a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) e um piloto de gamificação.

“O planejamento da disciplina a gente sempre faz. Mas, na gamificação, essa etapa se torna ainda mais fundamental. A ideia é engajar os alunos como em um jogo, onde a participação deles é importante para que consigam alguma coisa e, assim, trazer uma motivação extra”, disse Marcello, em vídeo onde compartilhou sua experiência com as novas metodologias de ensino.

Motivação esta que poderá ser decisiva para a permanência do aluno na disciplina – e na universidade. De acordo com a PR-1, na UFRJ, as maiores taxas de evasão são registradas nos primeiros semestres dos cursos do Centro de Tecnologia (CT) e do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), o que se explica, principalmente, pela dificuldade inicial dos estudantes com as matérias de Cálculo e Física – fenômeno que também se observa em outras instituições de ensino superior.

“Precisamos oferecer aos estudantes uma boa experiência de aprendizagem, especialmente em disciplinas em que eles encontram dificuldades, o que pode ser alcançado com a utilização de metodologias ativas, aliadas à oferta de recursos educacionais. O estudante não deve encarar as disciplinas como um obstáculo ao seu processo formativo. Pelo contrário, as disciplinas devem preencher de sentido sua trajetória acadêmica”, defendeu a pró-reitora de Graduação, Maria Fernanda Quintela.  

Os professores que quiserem participar do Projeto Ideia devem enviar um e-mail para ideia@nead.ufrj.br, explicando brevemente o motivo do interesse.