Categorias
Conexão

Estudo realizado na UFRJ mostra que solvente utilizado em pesquisas científicas pode afetar o desenvolvimento de embriões de peixe-zebra

DMSO induz grandes alterações morfológicas e fisiológicas quando utilizado com concentrações acima de 1%

Uma pesquisa realizada no Laboratório de Diferenciação Muscular do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que o dimetilsulfóxido (DMSO), solvente muito usado em pesquisas científicas para diluir substâncias, pode não ser totalmente inofensivo.

O estudo, publicado em um artigo da revista científica Plos One, tem como autores as pós-doutorandas Geyse Gomes e Paloma Vieira, os alunos de graduação Allaina Andrade e Murilo Spineli, e os professores do ICB Manoel Luis Costa e Claudia Mermelstein. O trabalho usou o peixe-zebra (Danio rerio) como modelo vertebrado do estudo. 

“O peixe-zebra apresenta uma série de características muito importantes para o seu estudo, tais como os seus embriões transparentes e de fácil visualização ao microscópio e de manutenção em biotérios. A pesquisa mostrou que concentrações acima de 5% de DMSO são letais para embriões de peixe-zebra, e concentrações entre 1 e 4% de DMSO induzem alterações morfológicas e fisiológicas em embriões do peixe”, explicam os professores Claudia Mermelstein e Manoel Luis Costa, chefes do Laboratório de Diferenciação Muscular.

O estudo contou com uma análise detalhada dos embriões por microscopia óptica com alta resolução. As mudanças observadas incluem o curvamento do corpo do peixe, frequência cardíaca alterada, edema cardíaco, morfologia alterada da notocorda e da bexiga natatória, músculos desalinhados e melanócitos com tamanhos diferentes dos embriões normais. As análises servem de alerta de que até os solventes mais utilizados podem interferir nos resultados de pesquisas, se não forem usados com cuidado.

A boa notícia é que concentrações de até 1% foram consideradas seguras e não causaram alterações significativas. “Como o DMSO é muito utilizado na pesquisa, esses dados devem ter um impacto em futuros trabalhos da área biomédica e farmacêutica. Eles reforçam a importância de sempre validar os métodos e respeitar os limites seguros nos experimentos científicos”, afirma Mermelstein.

Com informações da ICBCOM