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Ações de extensão da UFRJ oferecem cursos pré-vestibulares sociais que democratizam a educação 

Por meio das aulas gratuitas e apoio pedagógico dos professores, alunos têm maiores oportunidades de ingressar nas universidades

O ensino superior é uma fase da formação acadêmica desejada por muitos brasileiros. E as universidades públicas seguem sendo centros de referência, reconhecidos pela qualidade do ensino oferecido e pelas pesquisas desenvolvidas. Apesar da vontade, nem todos conseguem ter acesso a essas e outras instituições de ensino superior, muitas vezes por condições sociais desfavoráveis. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, apenas 18,4% dos brasileiros com mais de 25 anos têm ensino superior completo.

Na busca de se relacionar com a sociedade e desenvolver projetos de extensão, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) oferece diversos cursos pré-vestibulares, que oferecem educação gratuita e de qualidade para aqueles que desejam tentar vagas em universidades. 

 O Pré-Vestibular Social Feitosa e Barros (Prefeb) é um deles. O curso foi criado por estudantes da Faculdade de Medicina da UFRJ em associação com o Centro Acadêmico Carlos Chagas (Cacc). A coordenadora é a Thalita Fernandes de Abreu, professora da Faculdade de Medicina. Atualmente, os diretores, monitores e professores são alunos extensionistas da graduação da Universidade. A disponibilização do  material didático online e das plataformas de ensino é de responsabilidade da organização e também ocorre por meio de doações. 

Um dos diferenciais do Prefeb é que as aulas são realizadas de forma exclusivamente online, um facilitador para alunos que não têm condições de arcar com custos de transporte ou tempo para frequentar um curso presencial. A modalidade ainda permite que pessoas de fora do Rio de Janeiro possam assistir às aulas. 

Larissa Mattos é aluna de Medicina na UFRJ e uma das presidentes do projeto. Ela destaca como o ensino vai além das salas de aula: “Além do conteúdo acadêmico, o suporte emocional e a motivação fazem uma enorme diferença na jornada dos alunos”. A graduanda acredita que é possível criar um ambiente de aprendizado acolhedor e eficiente. 

As ações de extensão têm como objetivo a interdisciplinaridade da educação, cultura, ciência e política. Como elas preconizam a relação dialógica entre a Universidade e a sociedade, não são apenas os alunos dos cursos pré-vestibulares que aprendem, mas todos os que compõem a equipe da ação. Larissa destaca que participar do Prefeb a ensinou muito sobre educação, empatia e impacto social, além de ter aberto seu olhar para a educação como transformadora de realidades. 

Márcia Fausto da Costa está entre as pessoas que tiveram a oportunidade de transformar a sua realidade. Longe do ambiente acadêmico há 14 anos, ela viu por meio do vestibular social uma chance de retomar a rotina de estudos e ingressar em uma universidade pública. Márcia foi aluna do Prefeb em 2024 e terminou o último ano aprovada na UFRJ e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). A agora graduanda saiu do lugar de não enxergar o acesso a uma universidade pública como uma possibilidade para a dúvida sobre qual faculdade cursar. Por uma questão de praticidade, ela escolheu a Uerj e iniciou a graduação no primeiro período de 2025 no curso de Pedagogia. 

Após concluir o ensino médio em 2010, Márcia começou a trabalhar por necessidades financeiras ﹘ como a maioria dos brasileiros. Logo depois, se casou, teve dois filhos e viu o acesso à universidade se tornar algo cada vez mais distante. Segundo dados de uma pesquisa de 2024, realizada pelo IBGE e Ministério do Trabalho e Emprego, 15% dos jovens de 18 a 24 anos estuda e trabalha e 41% só trabalha. 

Ela conta que o que a fez despertar para a necessidade de estudar foi perceber a potência transformadora da educação:

“Em 2024, percebi que o que poderia mudar a minha vida e da minha família era estudar, até pra ser fonte de inspiração para os meus filhos. Decidi que ia estudar e teria que ser em uma universidade pública. Sou a primeira da minha família que consegue estar em um ambiente acadêmico público”.

Márcia conta que escolheu um pré-vestibular oferecido pela UFRJ por reconhecer a educação de qualidade que a instituição oferece.

A democratização do ensino é um importante passo para que pessoas de diversas realidades sociais e idades possam se formar, tanto profissionalmente quanto como cidadãos. É uma forma concreta de promover mudança social. 

Se você tem interesse em participar de algum curso pré-vestibular oferecido como extensão pela UFRJ, busque mais informações aqui

Sob a supervisão da jornalista Vanessa Almeida da Silva