Categorias
Pelo Campus

Corpo em movimento

Seminário reuniu profissionais de educação física para estimular a prática esportiva na Universidade

Para dar início ao diálogo e às reflexões sobre a prática esportiva na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com a participação de todo o seu corpo social, ocorreu na manhã da última terça-feira (21/11), no Auditório Horta Barbosa do Centro de Tecnologia (CT), o 1º Seminário Esporte. O evento começa com uma parceria entre a Pró-Reitoria de Políticas Estudantis (PR-7) com a Escola de Educação Física e Desportos (EEFD), mas a perspectiva é de que outras unidades se unam em torno da proposta.

De acordo com o pró-reitor Eduardo Mach, a ideia é ir aos poucos agregando outras unidades que atuam no desenvolvimento de temas relacionados ao esporte, como, por exemplo, o Instituto de Química, que tem uma atividade relacionada à verificação de dopping entre os atletas. “Queremos implantar uma política de esportes voltada para auxiliar na saúde, na permanência e no sentimento de pertencimento dos estudantes à instituição. Encontrar caminhos para a participação em eventos externos, mas também realizar eventos internos”, disse Mach, durante a abertura do evento, que pode ser assistido no canal oficial do YouTube da Universidade.

Para a diretora da EEFD, Katya Gualter, pensar em política de esportes na Universidade é ter a atenção com as corporeidades diversas, sejam elas pretas, trans, indígenas, bissexuais, de diversas idades ou portadora de deficiência, entendendo que movimento é algo saudável para o corpo humano. “A gente tem de entender a potência que temos em nossas mãos para promover espaços de interação e alcançar a cura pelo movimento”, enfatizou a diretora.

A vice-reitora da UFRJ, professora Cássia Turci, compondo a mesa de abertura do evento, lembrou que, a despeito de todos os problemas de infraestrutura, é importante iniciar atividades. “Construímos o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) durante minha gestão na direção do Instituto de Química. O coordenador do laboratório me procurou há pouco tempo perguntando se conhecia alguém da EEFD para criar eventos de extensão na área, e logo depois veio a proposta de realização do seminário pela PR-7. Parece que estamos em sintonia”, destacou Turci.

Esporte: saúde, educação e competição

Após a abertura, a primeira mesa contou com as apresentações dos professores da EEFD Alexandre Palma e Ricardo Viana, que abordaram o tema “Esporte e saúde”. O professor Palma fez a distinção entre esporte de rendimento (competições), esporte de educação (ensino) e esporte de participação (lazer). “Todas as atividades contam para a queima calórica, que é uma forma de prevenir contra as doenças e traz benefícios para a saúde cardiovascular, reduz a obesidade e controla a diabetes tipo 2. Há diversos trabalhos científicos que mostram os benefícios também para a saúde mental, diminuindo os níveis de estresse, ansiedade e depressão. Tudo benéfico aos estudantes universitários”, afirmou.

A integração de diversos setores da Universidade também foi algo defendido pelo professor Ricardo Viana. “O esporte pode ser um aliado para juntar as pessoas”, disse. Segundo ele, se por um lado há uma restrição orçamentária que restringe a reforma da estrutura para a prática esportiva, por outro a Cidade Universitária dispõe de uma área imensa para a realização de diversas modalidades de baixo custo.

A segunda mesa teve o tema “Esporte e educação”, com a apresentação do professor Gustavo Sotello, da EEFD, e do técnico Leandro Fernandes, da PR-7. Sotello abordou um pouco a Lei Geral do Esporte (14.597, de junho deste ano), que dispõe sobre o Sistema Nacional do Esporte (Sinesp) e o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Esportivos (SNIIE), a ordem econômica esportiva, a integridade esportiva e o Plano Nacional pela Cultura de Paz no Esporte. “A lei é recente, mas apresenta a atividade esportiva como toda forma de atividade física que, de modo informal ou organizado, visa à prática de atividades recreativas, à promoção da saúde, ao alto rendimento esportivo ou ao entretenimento. Acreditamos que a atividade pode trazer vários benefícios aos alunos, como motivar o espírito de equipe ou deixar aflorar a capacidade de liderança”, disse.

Leandro Fernandes, que atua como técnico desportivo, cargo que exige a formação em Educação Física, destacou que há apenas 12 servidores nessa carreira em toda a Universidade. Segundo ele, o movimento de desenvolvimento de uma política esportiva não começou hoje. Há alguns anos há discussões sobre a importância da prática de atividades físicas em benefício de todo o corpo social dentro da EEFD. “A nossa Carta Magna tem poucas menções ao esporte, mas há incisos que asseguram ser esse um direito de cada pessoa. Mas a prioridade é o desporto educacional, uma manifestação esportiva que deve ser o carro-chefe de nossa UFRJ. Afinal, estamos em uma instituição de ensino”, avaliou.

Disputas universitárias

Os professores Waldyr Ramos e Armando Alves de Oliveira apresentaram a terceira mesa, voltada para o “Esporte e competição”. O primeiro relatou a evolução do esporte desde os anos 1970, quando a competitividade era a tônica entre as instituições de ensino superior dos diversos estados brasileiros. Lembrou também que havia restrições em algumas modalidades que segregavam turmas pelo gênero. “Como professor de natação e polo aquático, criamos uma turma mista e, embora naquela época eu não soubesse, estava formando a primeira equipe feminina brasileira. Duas turmas fizeram uma exibição em um campeonato masculino, o que ganhou destaque na imprensa. No ano seguinte, ocorreu o primeiro campeonato da modalidade entre as mulheres”, contou ele.

Já o professor Armando Oliveira fez outra retrospectiva com imagens de atletas e competições, como os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), no qual os estudantes representavam a UFRJ. Mas ele evidenciou a mudança de rumo que a Universidade tomou de um plano diretor para outro. Em tom crítico, lamentou a destinação do “campinho” da Praia Vermelha, onde será construído futuramente o Espaço Cultural Multiuso, e também a não implantação do Complexo Integrado de Atividades Físicas (Ciaf), na Cidade Universitária.

Encerrando o seminário, o professor Eduardo Mach destacou a necessidade de divulgação para a integração entre as diversas unidades, com o intuito de se conhecerem e desenvolverem em conjunto atividades esportivas e outras disciplinas relacionadas ao tema. “Temos problemas com o orçamento para a UFRJ. Se tivéssemos recursos, daria para realizar algumas coisas. Mas, de qualquer forma, precisamos agir e não ficar esperando. Devemos viabilizar aquilo que podemos fazer sem financiamento”, concluiu o pró-reitor de Políticas Estudantis.