Na educação básica, crianças e jovens aprendem muitos assuntos, inclusive hábitos de saúde. Desde 2007, o Programa Saúde nas Escolas (PSE) busca integrar educação e saúde para melhorar a vida da população brasileira. Em conformidade com as orientações do PSE e buscando auxiliar nesse aprendizado, o projeto de extensão Teatro em Saúde, criado em 2016, trabalha temas como vacinação e planejamento familiar de forma lúdica. Os estudantes protagonizam cenas que aliam informação científica à própria realidade deles.
A iniciativa baseia-se na troca de conhecimento entre os alunos das escolas e os discentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que medeiam as ações. O projeto apresenta um modelo de roteiro para estruturar a apresentação junto a crianças e jovens, adaptando o texto à realidade local. Os extensionistas fazem apresentações para os estudantes e depois é o momento de esses alunos escolherem as formas de representar por meio de temas, personagens e músicas. Segundo o coordenador e professor Eduardo Alexander, da Faculdade de Medicina (FM) da UFRJ, as atividades são uma simbiose. “É um trabalho artístico homogêneo porque a gente se mistura com eles”, diz.
As práticas teatrais são uma forma de explorar a tradução do científico para o cotidiano, tornando o conteúdo apresentado mais fluido e atrativo. Lucas Lima, extensionista do projeto e pós-graduando do mestrado profissional em Atenção Primária à Saúde, da Faculdade de Medicina da UFRJ, defende que “por sua ludicidade, é possível atrair a atenção da plateia para a temática apresentada e fazer uma demonstração das vivências”. Os assuntos trabalhados são definidos conjuntamente entre o corpo pedagógico das instituições de educação básica, o projeto e as clínicas da família próximas.
As visitas às escolas parceiras acontecem de 15 em 15 dias, o que cria a dinâmica de afetividade entre os alunos da educação básica e a equipe do projeto. Em um primeiro contato, crianças e jovens não conhecem os extensionistas. “A gente é aquele estranho no ninho”, brinca o coordenador. Mas, com o desenvolvimento das atividades, vão se criando vínculos.
“É impressionante: quando a gente chega já nos agarram e nos abraçam. Eles dizem ‘Oi, tio, como é que você tá? Senti saudade’”, comenta Alexander.
Reconhecimento do cuidado com a saúde
Criado em 2016, o Teatro em Saúde já ganhou 17 prêmios nacionais e internacionais, de acordo com o professor. O projeto entende que a Atenção Primária à Saúde vai além da visão de que basta tratar as doenças. O processo saúde-doença é complexo e os agentes de saúde precisam entender os cuidados com a saúde de maneira ampla, levando em conta questões sociais principalmente ligadas ao tema, como a relação entre ser humano e meio em que vive, as condições de moradia, lazer, religiosidade e o acesso à informação. Para isso, é indispensável a troca de experiências com a comunidade.
“As pessoas precisam entender que elas não são totalmente desprovidas de informações. Então cabe ao profissional de saúde ressignificar algumas coisas, responder dúvidas, explicar outras coisas e desfazer mitos”, conclui o professor.
*Sob supervisão da jornalista Vanessa Almeida