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Professora da UFRJ vence Prêmio Mulheres Brasileiras na Química

Evelin Manoel é docente da Faculdade de Farmácia e coordena projeto voltado ao incentivo de meninas e mulheres na ciência

Atualizado às 15h58 de 7/6/2023

A Sociedade Americana de Química (ACS, sigla em inglês), em parceria com a Sociedade Brasileira de Química (SBQ), premiou Evelin Andrade Manoel, professora da Faculdade de Farmácia (FF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como vencedora da categoria Líder Acadêmica, na 6ª edição do Prêmio Mulheres Brasileiras na Química. A premiação, que já buscava ressaltar o protagonismo feminino na área, reforçou ainda mais esse objetivo ao também aceitar, a partir deste ano, a inscrição de mulheres transgênero e não binárias.

A cerimônia ocorreu na terça-feira, 30/5, durante a 46ª Reunião Anual da SBQ, em Águas de Lindóia, São Paulo. Além de Evelin, foram premiadas as pesquisadoras Aline Machado de Castro, doutora pela UFRJ, na categoria Líder Industrial, e a professora Joyce Kelly Rosário da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na categoria Líder Emergente.

Como reconhecimento do empenho em suas atuações, cada vencedora recebeu 2 mil dólares de prêmio, além de uma credencial do SciFinder, válida por um ano, e um certificado de inscrição gratuita em curso oferecido pelo ACS Institute.

Para Evelin, além de valorizar as pesquisas realizadas nas universidades, o prêmio também representa a oportunidade de dar voz a cientistas de diferentes regiões do país: “Ter prêmios como esse mostra que vale a pena lutar pela posição feminina na área da Química. Além dessa ‘dor do gênero’, foi muito importante termos também a professora Joyce Kelly como uma das vencedoras, pois há também uma ‘dor regional’, tendo em vista que os premiados geralmente se encontram na Região Sudeste do país”, pontuou a professora da UFRJ.

Trajetória profissional

Crescida em Jardim América, na Zona Norte carioca, Evelin é “filha de Minerva” desde 2006, ano em que iniciou a graduação no curso de Ciências Biológicas da UFRJ. Por causa da paixão pelos estudos da Química Orgânica, a pesquisadora também concluiu, ao mesmo tempo, um curso técnico no antigo Cefetq, atual Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), no Maracanã.

Em conversa com o Conexão UFRJ, ela nos contou que o interesse pela ciência vem desde criança:

“Desde os meus 4 ou 5 anos eu já pegava todos os tipos de produtos que tinha em casa para misturar e ver o que acontecia, como as mudanças de estado e de coloração. Mas foi no ensino médio, quando um professor levou a turma para conhecer um laboratório de química analítica, que eu tive a certeza de que queria seguir essa carreira”, afirmou.

Após a graduação, Evelin deu sequência aos estudos e concluiu mestrado e doutorado em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos na Escola de Química (EQ) da UFRJ. Atualmente, tendo sua trajetória como exemplo, ela busca inspirar outras estudantes dos ensinos fundamental e médio com o projeto de extensão Diversificando Estratégias de Ensino na Área de Ciências Exatas: Do Laboratório para a Vida, que atua em quatro Centros Integrados de Educação Pública (Cieps 199 – Charles Chaplin, 218 – Ministro Hermes Lima, 228 – Darcy Vargas e 229 – Cândido Portinari) com o apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

“O nosso objetivo é impactar positivamente a vida dessas futuras cientistas e buscar diminuir as dores sociais encontradas na carreira acadêmica, na qual as referências majoritariamente são de profissionais brancos e economicamente privilegiados. […] Acredito que juntas podemos desenvolver um pensamento crítico e contribuir para tornar o acesso à pesquisa científica mais democrático. Eu fico muito feliz ao ver que algumas dessas alunas já conseguiram ser aprovadas em vestibulares e estão iniciando o caminho profissional. Essas pequenas conquistas mostram que estamos no caminho certo”, disse Evelin.

A professora Evelin Manoel, centralizada ao fundo da imagem, ao lado de pesquisadoras e alunas dos Cieps. | Foto: Arquivo pessoal

Pensando na democratização do ambiente acadêmico e nas oportunidades que ele pode proporcionar, a professora da UFRJ também relembrou o privilégio de ter vencido o Prêmio Capes de Tese em 2015, reconhecimento que, segundo ela, “pode parecer algo simples, mas que faz toda a diferença para alguém que está iniciando a carreira”. Por fim, a pesquisadora destacou a importância de suas orientadoras, a professora Denise Freire, atual pró-reitora da Pós-Graduação e Pesquisa, e a professora Maria Alice Coelho, da Escola de Química, para o desenvolvimento de seu trabalho e também explicou a necessidade valorização dos profissionais da ciência no Brasil.

“Eu costumo dizer que muitas vezes os heróis não vestem capas, mas vestem jalecos. Até porque, se pensarmos na pandemia que enfrentamos recentemente, a nossa realidade seria outra se não fossem os cientistas e os profissionais da saúde. Então, a valorização da ciência, principalmente do tripé ensino, pesquisa e extensão, é primordial para podermos mudar a realidade do nosso país. E quando nós possibilitamos a maior diversidade e inclusão nesse cenário, já estamos iniciando essa mudança”, concluiu a vencedora da categoria Líder Acadêmica.

*Este texto é resultado das atividades do projeto de extensão Laboratório Conexão UFRJ: Jornalismo, Ciências e Cidadania e teve a supervisão do jornalista Victor França.