Categorias
Saúde

Pesquisadores da UFRJ encontram canabidiol em planta nativa

Espécie presente em diversas partes do Brasil pode auxiliar nos estudos sobre novos fármacos

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro realizaram uma descoberta recente que revela a presença de canabidiol em uma planta encontrada em diversas partes do país. A Trema micrantha blume faz parte da família da cannabis e possui potenciais benefícios medicinais sem produzir a substância psicoativa conhecida como tetrahidrocanabinol (THC), presente na Cannabis sativa.

A pesquisa, que está em estágio inicial,  é financiada pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e tem apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do estado. Os cientistas conseguiram detectar quantidade considerável de canabidiol na Trema micrantha blume por meio de análises e esperam,  a partir de investigações mais aprofundadas, encontrar outros componentes benéficos para diversos tipos de tratamentos médicos.

Rodrigo Soares Moura Neto, coordenador da pesquisa e professor do Instituto de Biologia (IB) da UFRJ, explicou a motivação por trás dessa descoberta: “Ao observarmos que uma outra espécie de Trema, proveniente da Ásia, possui canabidiol, decidimos investigar a única Trema encontrada no Brasil”. 

Embora ainda exista grande receio da população e da indústria devido às ligações com a cannabis, os medicamentos à base de canabidiol já vêm sendo amplamente utilizados no tratamento de epilepsia, ansiedade e outras condições. A descoberta da planta brasileira poderá facilitar a produção nacional desse composto e a aceitação por parte da sociedade. Isso torna mais viáveis as pesquisas para compreender o real impacto do canabidiol em diferentes doenças e desenvolver opções de medicamentos. 

De acordo com Moura Neto, ainda não se sabe qual é a melhor forma de extrair e analisar o canabidiol dessa planta. Por isso o próximo passo será o de testes para determinar o método mais eficiente. A expectativa é de que, ao fim da pesquisa, os cientistas sejam capazes de entregar o canabidiol purificado, quimicamente caracterizado e estruturalmente identificado, abrindo caminho para a próxima fase de estudos.

 “Estamos superando as dificuldades com perseverança, pesquisando métodos na literatura e tentando aplicá-los a essa planta para obter os melhores resultados.”, explicou o professor.

Em aproximadamente seis meses a equipe iniciará os processos in vitro a fim de avaliar se as propriedades desse canabidiol são compatíveis com as do obtido da Cannabis sativa. A descoberta representa um marco importante na pesquisa medicinal nacional, oferecendo novas perspectivas para o desenvolvimento de estudos na área.