Na segunda-feira, 17/4, o Centro Cultural Horácio Macedo (o Roxinho), na Cidade Universitária, foi cenário do quarto dia de debates entre os candidatos aos cargos de reitor e vice-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O encontro, que já está disponível no canal oficial da UFRJ no YouTube, contou com a participação de cerca de 150 pessoas e durou pouco mais de duas horas. Assista:
Duas chapas concorrem à Reitoria: a chapa 10 – UFRJ para Todos: Autonomia, Inclusão e Inovação, com os candidatos Roberto Medronho (reitor) e Cássia Turci (vice-reitora), e a chapa 20 – Redesenhando a UFRJ: Democracia, Autonomia e Diversidade, encabeçada pelos candidatos Vantuil Pereira (reitor) e Katya Gualter (vice-reitora).
Confira na íntegra o programa de gestão de cada chapa.
O debate foi dividido em quatro blocos. Num primeiro momento, os candidatos se apresentaram.
“A minha vida acadêmica em uma universidade pública começou na Universidade Federal de Sergipe, onde eu passei 4 anos. Hoje eu sou professora titular do Instituto de Química, onde estou há 32 anos. Minha vida tem sido dedicada à docência, à transmissão de conhecimento e à gestão acadêmica. Como gestora, sempre busquei o conhecimento e a inovação. Tenho orgulho de ter participado do processo de interiorização da UFRJ, trabalhando ativamente na implantação do Centro Multidisciplinar da UFRJ em Macaé. Além disso, durante meus mandatos como diretora do Instituto de Química, nós conseguimos implementar cursos de graduação e pós-graduação aqui no Rio e no Centro Multidisciplinar em Macaé”, iniciou Cássia Turci.
“Meu nome é Roberto Medronho e entrei na UFRJ como aluno em 1977. Sou fruto do ensino público, gratuito e de qualidade. Comecei minha carreira como substituto, depois auxiliar, assistente, associado, até chegar a titular. Como professor da Faculdade de Medicina, sempre busquei devolver para a sociedade aquilo que ela investiu em mim. No GT-Coronavírus, que tive a honra de coordenar, conheci de perto a UFRJ e os saberes que esta universidade produz. Isso foi essencial para o enfrentamento ao coronavírus e às fake news produzidas pelos negacionistas. Nossa chapa está disposta a contribuir com o atual governo para gestão, união e reconstrução do nosso país e, para isso, precisamos de recomposição orçamentária”, complementou Roberto Medronho.
“Sou professor e diretor do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ (Nepp-DH). Além disso, sou decano licenciado do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e um dos fundadores do coletivo de docentes negros e negras da Universidade Federal do Rio Janeiro. O momento politico exige um novo paradigma, a partir do qual eu queria dizer para vocês que somos oposição à atual Reitoria. É preciso radicalizar a democracia interna da nossa instituição, elegendo pela primeira vez na história um Reitoria negra. É preciso defender instrumentos de maior participação dentro da nossa instituição por meio da inserção plena da nossa comunidade e da integração do Complexo Multidisciplinar de Macaé e do campus de Duque de Caxias”, expressou Vantuil na sua primeira fala.
Logo após Katya Gualter iniciou sua apresentação: “Eu estou na UFRJ há 38 anos: entrei em 1984 como estudante e em 1990 fui contratada como coreógrafa, técnica-administrativa. Em 1995, eu comecei a investir na carreira docente como professora de Educação Física, artista docente e pesquisadora da Dança. Ao longo de 20 anos, estive ao lado das equipes gestoras dos cursos, projetos e programas de ensino da Dança na Escola de Educação Física. Nesse tempo participei da criação do curso noturno em 1994, atendendo a uma política do governo federal. Em 2007 fiz parte da equipe do curso de Dança por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
No segundo bloco, os candidatos debateram sobre alguns temas relevantes para a instituição.
Políticas de extensão universitária
“Com relação à extensão universitária, a nossa chapa acredita que o Conselho de Extensão precisa estar no mesmo grau importância que os conselhos ligados à graduação e à pesquisa. O Conselho de Extensão precisa estar nos espaços de decisão até porque 10% das nossas cargas horárias no currículo devem ser de extensão”, disse Katya Gualter sobre o tema.
“Em relação à questão de extensão, eu acho que, com a aprovação da Resolução n° 08/2014, muitas unidades e centros já consideram as extensões igualitárias às outras áreas de graduação e pós-graduação, o que considero um grande avanço. Para nossa chapa é importante, a exemplo da ampliação à fomentação das ações de extensão, com previsão de recurso e custeio para ampliação das bolsas” ressaltou Cássia Turci.
Políticas de pesquisa e ensino de pós-graduação
Roberto Medronho iniciou sua fala sobre o tema: “Precisamos fortalecer e integrar nossas pós-graduações em todos os campos de conhecimento Estamos com uma proposta de realizar um ‘Procad’ [Programa de Cooperação Acadêmica] interno na UFRJ, fomentado como uma política institucional. Além disso, é preciso criar ações afirmativas nas nossas pós-graduações. Recebemos alunos de todo Brasil e essa bolsa, mesmo com o atual reajuste, ainda é muito pouco. Precisamos de muito mais”.
“Primeiramente eu queria destacar que depois de 12 meses o Cepg [Conselho de Ensino para Graduados] aprovou as cotas na pós-graduação. No entanto, é preciso apontar a morosidade do processo e a incompletude dessa política, que não incluiu cotas para pessoas trans, travestis e quilombolas. Nós entendemos que a pós-graduação é um espaço de enfrentamento à violência e empoderamentos dos grupos vulneráveis. É preciso mudar os critérios do Pibic [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica], que favorece os pesquisadores mais antigos em detrimento dos novos, que não conseguem bolsas”, destacou Vantuil Pereira.
Já no terceiro bloco, os candidatos debateram sobre temas de escolha livre, com a participação de cada categoria (discentes, docentes e técnicos-administrativos em educação).
Por fim, no quarto bloco, os candidatos fizeram perguntas entre si e suas considerações finais.
Katya Gualter iniciou as considerações finais: “Quero agradecer a todos os presentes. Eu quero dizer o seguinte: o diálogo com a iniciativa privada é necessário, mas ele é secundário e não pode ser prioritário. Além disso, indo de acordo com essa política de uma universidade diversa, o Neabi, a Câmara de Políticas Raciais, a Comissão de Heteroidentificação e o Coletivo de Docentes Negros e Negras são conquistas do movimento negro. Isso precisa ser lembrado”.
“Eu quero terminar este debate apontando para aquilo que é muito importante para nós da chapa 20, que é a chamada para o diálogo aberto e solidário. Aqui não vamos criar fake news e atacar pessoas, vamos fazer um debate sincero e fraterno no sentido de discutir ideias”, encerrou Vantuil Pereira.
Cássia Turci iniciou as considerações finais: “Quero agradecer a atenção de todos presentes. Além disso, quero fazer um chamamento para as mulheres, que elas ocupem a UFRJ, produzindo conhecimento, ciência, tecnologia, cultura e arte. Eu fui diretora do Instituto de Química, a primeira mulher depois de 45 anos de existência dessa unidade. Nós precisamos ser protagonistas onde nós estivermos. Esta universidade é diversa e ser reitor é ouvir e respeitar as representações e as decisões da maioria”.
“Eu como ex-aluno desta casa, garanto que acolheremos movimentos e coletivos estudantis. Precisamos ter uma escuta acolhedora e estar discutindo com todos, porque só assim nós reconstruiremos a nossa universidade. Agradeço muito à CCP [Comissão Coordenadora da Pesquisa] e aos nossos colegas da chapa 20 por estarmos debatendo democraticamente”, encerrou Roberto Medronho.
Próximos debates
Confira as datas, horários e locais dos debates.
Acompanhe o especial Eleições UFRJ 2023 e fique por dentro do processo de sucessão da Reitoria da maior universidade federal do país.
*Sob supervisão do jornalista Victor França.