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Descoberta científica da UFRJ que abala teoria do século 19 tem repercussão na mídia nacional e internacional

Imprensa mundo afora destacou que Quaoar, astro candidato a planeta-anão e apelidado de “primo de Plutão”, tem anel no lugar de lua

O estudo liderado pelo professor Bruno Morgado, do Observatório do Valongo (OV/UFRJ), e publicado na Nature identificou fenômeno inédito que estremece uma teoria do século 19, ganhando grande repercussão na imprensa brasileira e estrangeira. Para o pesquisador, é momento para “mostrar a ciência de ponta que fazemos no Brasil e na UFRJ”. Veja reportagem sobre a descoberta no Conexão UFRJ, que trouxe o achado em primeira mão.

Bruno Morgado é professor da UFRJ | Foto: Arquivo pessoal

No Brasil, a descoberta ganhou manchetes em pelo menos 28 veículos, como Folha de S. Paulo, Estadão, O Globo, Veja, Época, CNN Brasil, Exame, Band e Agência Brasil. Na mídia estrangeira, pelo menos 26 jornais deram voz ao achado, como The New York Times, Reuters, The Wall Street Journal, The Guardian, Le Monde, National Geographic, Forbes, Daily Mail e CNN.

“Quaoar vinha sendo observado por especialistas do Observatório do Valongo em busca de pistas sobre as origens do Sistema Solar. Para surpresa de todos, eles identificaram que o pequenino astro tem um anel – o que, por si só, já é considerado raro”, destacou o Estadão

A Folha de S. Paulo resgatou a motivação do início dos estudos. “Quaoar é um dos grandes objetos conhecidos que residem no chamado cinturão de Kuiper, onde também se localiza Plutão, o maior deles. Com estimados 1.110 km de diâmetro, ele tem a metade do tamanho do ‘primo’ famoso. Provavelmente também se trata de um planeta-anão, mas a União Astronômica Internacional [a “Fifa” da astronomia] não o classifica dessa maneira, porque uma das condições para receber o nome é ter atingido equilíbrio hidrostático [traduzindo do cientifiquês, ser aproximadamente esférico]. O trabalho dos cientistas começou justamente com este objetivo: tentar determinar a forma de Quaoar”, ressaltou o jornal paulista.

“O ponto principal da descoberta é que a existência do anel coloca em prova o que era compreendido até agora pela Astronomia como Limite de Roche, um conceito elaborado no século XIX, que define a distância que um objeto pode estar do astro principal no qual ele orbita sem ser despedaçado”, explicou o jornal O Globo.

O The New York Times entrevistou o professor Bruno Morgado. O veículo destacou o ineditismo da descoberta. “Um pequeno mundo gelado muito além de Netuno possui um anel como os de Saturno. Surpreendentemente, o anel está a uma distância onde cálculos gravitacionais simples sugerem que não deveria haver nenhum”, disse o jornal estadunidense. “Uma possível explicação para o anel distante de Quaoar é a presença de Weywot. A lua pode ter criado distúrbios gravitacionais que impediram que as partículas do anel se acumulassem em outra lua. Nas temperaturas ultrafrias no sistema solar externo, as partículas de gelo também são mais saltitantes e têm menos probabilidade de se unir quando colidem”, continuou o The New York Times.

Já o The Guardian lembrou quando foi possível fazer a descoberta. “A detecção foi feita durante o chamado evento de ocultação, quando um planeta passa diretamente na frente de uma estrela, o que significa que sua silhueta nítida pode ser observada brevemente por telescópios baseados na Terra”, afirmou o jornal britânico.

A Forbes acrescentou que “os astrônomos descobriram os anéis usando uma câmera chamada HiPERCAM montada em um telescópio em La Palma, nas Ilhas Canárias, na Espanha, observando a luz de uma estrela distante bloqueada por Quaoar em sua órbita ao redor do sol”. A publicação americana contextualiza, ainda, lembrando que “a descoberta ocorre menos de um mês depois que os astrônomos observaram outro sistema de anéis em torno de um asteróide gigante gelado a mais de três bilhões de quilômetros da Terra usando o Telescópio James Webb da Nasa, trazendo os anéis do asteróide do tamanho do Grand Canyon para uma visão muito mais clara mais de 25 anos após o asteróide foi descoberto”.

Descoberta coordenada pela UFRJ, mas a muitas mãos

Além da UFRJ, o artigo publicado na Nature foi assinado por cientistas de outras instituições, como Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Observatório Nacional, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT (Estados Unidos), Universidade Sorbonne (França), Instituto de Astrofísica de Andaluzia (Espanha), Universidade de Berna (Suíça), Universidade de St Andrews (Escócia), Universidade de Estocolmo (Suécia), Universidade de Oulu (Finlândia), Universidade de Sheffield (Inglaterra), Universidade Cádi Ayyad (Marrocos), Observatório de Reedy Creek (Austrália) e Universidade de Lieja (Bélgica).