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Consórcio vence leilão para “novo Canecão”

Bônus-Klefer terá concessão do “novo Canecão” por 30 anos e será responsável pela construção do Espaço Ziraldo, dois edifícios acadêmicos e um restaurante universitário

O consórcio Bônus-Klefer venceu a disputa de lances no leilão que tem por objetivo selecionar a proposta mais vantajosa para concessão do espaço cultural multiuso no campus Praia Vermelha, o “novo Canecão”, e para um conjunto de construções para a Universidade Federal do Rio de Janeiro. O consórcio fez lance final de R$ 4.350.000,00. O valor é quase sete vezes maior do que o valor mínimo de outorga, que era de R$ 625.000,00. A sessão ocorreu no Edifício Ventura, no Centro do Rio, às 17h30 de quinta, 2/2.

Após oferecer propostas mínimas, cada grupo fez lances intercaladamente até que se chegasse a um vencedor | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

O grupo WTorre Entretenimento e Participações Ltda. também concorreu, com lance final de R$ 4.050.000,00.

Agora, a Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6/UFRJ) avaliará os documentos de habilitação do consórcio vitorioso e declarará, de fato, o vencedor final nas próximas semanas, em edital próprio. Em seguida, o grupo que perdeu poderá recorrer em cinco dias.

As propostas recebidas na etapa licitatória de entrega de candidaturas, que aconteceu pela manhã, foram acondicionadas em malotes lacrados para abertura à tarde, para o leilão em si, que foi realizado sob a organização da UFRJ, com apoio do BNDES | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

O consórcio inclui as empresas Bônus Tracker e Klefer. Luiz Oscar Niemeyer, presidente da Bônus, estima que a coalizão entregue o conjunto de demandas em até 24 meses a partir da assinatura do contrato, prevista para março. “Vamos ter salas de ensaios, salas de exposição, construção de salas de aula para a Universidade, restaurante universitário (…). Vamos dar para o Rio, com essa parceria com a UFRJ, um novo equipamento cultural, (…) mais moderno, novo”, afirmou o empresário.

“A ideia não é usar o espaço apenas como espetáculos de músicas, mas para teatro e a cultura, em geral”, completou Niemeyer. A empresa é concessionária do Teatro XP. Segundo ele, o grupo empresaria a banda Capital Inicial. Além disso, produziu e produz espetáculos nacionais e internacionais, como a turnê de reencontro dos Titãs, o Mita (Music Is The Answer) e um dos shows de Paul McCartney no Brasil. De acordo com o dirigente, a Bônus já havia trabalhado de forma conjunta com a Klefer, como na produção do show dos Rolling Stones, em Copacabana. Segundo Niemeyer, a previsão é de que a Bônus capitaneie a parte artística e a Klefer a área administrativa e comercial.

Mais cedo, às 16h, o leilão foi suspenso devido a protestos de integrantes da comunidade acadêmica. Eles se manifestaram por não concordarem com a decisão do Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da UFRJ, que deliberou pela concessão da área. Defendem que o investimento deveria ser integralmente público, sem concessão à iniciativa privada, apesar do cenário orçamentário da UFRJ, que, neste ano, tem orçamento ainda menor que o de 2022, como adiantou o Conexão UFRJ, e déficit de cerca de R$ 94 milhões.

Um novo passo

Segundo o reitor em exercício, Carlos Frederico Leão Rocha, a UFRJ devolverá um importante espaço cultural ao Rio. “Hoje é um novo passo para a recuperação da cultura do Rio de Janeiro. Estamos muito otimistas sobre o que pode ser feito naquela área”, disse. Ele agradeceu à PR-6, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), à Prefeitura do Rio e às associações de moradores do entorno, que hoje apoiam a iniciativa, além das classes artísticas interna e externa. Rocha também afirmou que o projeto teve escuta da Universidade em diversas sessões de colegiados superiores, além de apresentações nos centros universitários. Rocha também parabenizou a reitora Denise Pires de Carvalho, que está em transição para a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), órgão que já a nomeou, mas ainda aguarda alguns ritos administrativos para sua saída do cargo de reitora da UFRJ.

O reitor em exercício, Carlos Frederico Leão Rocha, enfatizou as contrapartidas para a sociedade e a UFRJ | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

“É um projeto inovador, porque serão retomadas contrapartidas à UFRJ. A cidade vai estar mais conectada com a Universidade”, pontuou. “A iniciativa é crucial para a arte e a cultura, não só para a UFRJ, mas também para a sociedade carioca e brasileira que visitou e assistiu aos inúmeros shows da MPB naquele espaço icônico, no campus da Praia Vermelha, que é da nossa Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pretendemos reabrir essa casa de cultura não só para atender a demanda da sociedade por um palco que seja de altíssima qualidade acústica naquela região do Rio de Janeiro e que atenda à classe artística, mas que também seja palco para interação entre essa área cultural e os cursos da UFRJ, que são vários na área de direção teatral, música, dança, só para citar alguns”, afirmou.

A concessão

O período de concessão do espaço é de trinta anos. O consórcio que venceu precisará fazer intervenções que chegam a R$ 137,7 milhões em todo o projeto, sendo R$ 53,7 milhões nas instalações acadêmicas e R$ 84 milhões na parte cultural.

Além de investir em equipamentos culturais, o consórcio Bônus-Klefer terá que dar contrapartidas in natura para a UFRJ: construir um restaurante universitário no campus Praia Vermelha com capacidade para fornecer 2 mil refeições por dia, além de dois prédios acadêmicos no mesmo campus. Isso possibilitará que o Palácio Universitário, maior construção neoclássica do Rio, concentre atividades de pesquisa e extensão das unidades ali atuantes.

A limitação da taxa de ocupação é de 30% e o gabarito é de 20 metros, com pelo menos 70% de área de livre circulação. A UFRJ terá direito a uso de 270 dias por ano do Espaço Ziraldo e a 50 dias por ano do espaço cultural multiuso.

A área total com intervenções tem 15 mil metros quadrados entre as imediações do Shopping Rio Sul, onde ficava o antigo Canecão, e o novo espaço multiuso (próximo ao campo de futebol). A ideia é que esse espaço vire uma nova área pública de lazer.

O projeto conceitual prevê que o “novo Canecão” seja em formato multiuso. O consórcio precisará oferecer, pelo menos, 3 mil lugares no módulo “show”, com público em pé, ou 1,5 mil lugares com público sentado. O uso do nome “Canecão” não é obrigatório, já que o espaço pode ser batizado com a marca de um patrocinador, o que é conhecido como naming rights. Segundo Niemeyer, diretor da Bônus, a questão do nome ainda será avaliada.