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Pelo Campus

Aulas presenciais completam um mês de retorno após dois anos de pandemia

Apesar de o período exigir adaptação, alunos se mostram satisfeitos com o aumento das possibilidades de aprendizagem

Em 11/4, as atividades presenciais na UFRJ voltaram após mais de dois anos de aulas remotas. Devido à pandemia do coronavírus, o ensino presencial havia sido interrompido no primeiro semestre de 2020, e as aulas passaram a ser ministradas pela internet. Um mês após o início do período de 2022.1, buscamos entender como esse processo tem sido recebido pelos estudantes.

Uma das principais questões que postergou o retorno foi a necessidade de garantir medidas sanitárias para a segurança da comunidade acadêmica. Além disso, era essencial que o maior número de pessoas estivesse protegido pelas vacinas, número que hoje chega a 87% da população do estado do Rio de Janeiro acima de 12 anos com a vacinação completa. 

Com ajuda da equipe do GT-Coronavírus (Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da Pandemia de Covid-19), a Reitoria da UFRJ estabeleceu o que era necessário para a prevenção neste momento de volta: alunos e servidores da Universidade têm a obrigatoriedade do uso de máscaras e da apresentação do comprovante de vacinação completa nas instalações da UFRJ, além da higienização frequente das mãos. 

Após dois anos usando equipamentos de proteção e álcool em gel com frequência, as mudanças ficam por conta de uma nova dinâmica diária ao sair de casa, bem diferente do cotidiano remoto. Pegar transporte público e comer fora são só alguns exemplos do impacto deste novo ciclo, que inclui também encontros sociais, que antes eram raros. Para alguns alunos, este era um dia a dia conhecido nos idos de 2019.2. Os outros, que chegaram na UFRJ de 2020 em diante, precisam agora se adaptar a tudo, já que a única experiência de ensino universitário que tiveram foi o remoto. 

Estudantes se reencontraram após dois anos de pandemia. | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

É o caso de Brenda Moura, graduanda do quinto período de Nutrição que entrou na Universidade em 2020.1, justamente quando as aulas on-line se iniciaram. Ela conta que a sua experiência com o ensino remoto foi bem frustrante desde o começo e de difícil adaptação. Agora, alguns desafios ainda se impõem, como a distância para chegar até a Cidade Universitária, campus onde acontecem as aulas do seu curso. 

Brenda reside em São Gonçalo e precisa pegar dois ônibus para chegar até a Ilha do Fundão. Ela conta que gasta quase cinco horas do seu dia no transporte, isso quando não são dias especiais, como vésperas de feriado. “Eu levo muito tempo para ir e muito tempo para voltar, e isso é realmente muito cansativo, é uma parte bem estressante”, confirma ela. Ainda assim, a estudante defende que o presencial oferece a ela outras experiências de aprendizagem, as quais ela não troca por nada. 

Além do transporte, outra novidade do presencial é a questão da alimentação na Universidade. A UFRJ conta com seis restaurantes universitários (RUs) espalhados pelos campus: três na Ilha do Fundão, um no Centro, um na Praia Vermelha e um em Caxias. Os alunos podem comer nos RUs por 2 reais, enquanto os preços para os servidores da instituição variam entre R$ 12,80 a R$ 15, de acordo com o campus.

No entanto, devido aos horários dos intervalos serem parecidos em diferentes cursos e turmas, uma dificuldade tem sido equilibrar o tempo entre aulas, refeições e atividades complementares. O estudante de Jornalismo da UFRJ João Maturana, que já está no sexto período, conta que tenta almoçar no bandejão todos os dias em que está no campus, mas nem sempre consegue por ser o horário mais cheio. O aluno faz estágio na parte da tarde e não pode se atrasar. Como a fila do restaurante universitário pode demorar até uma hora, João só consegue comer no bandejão ocasionalmente. Ainda assim, ele acredita que os benefícios do presencial, como a conexão entre professores e alunos, é essencial. 

On-line x Presencial

Após mais de dois anos assistindo a aulas on-line, os alunos ainda tentam se ajustar à nova experiência de ter atividades presenciais depois da pandemia. Voltar a assistir às aulas em salas e ter contato físico com colegas e professores demanda um período de adaptação. 

Retorno ao campus da Praia Vermeha. | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

Por um lado, o ensino remoto contribuiu com a vida dos estudantes em alguns aspectos. Com as aulas virtuais, os alunos não precisavam se deslocar de suas casas até a Universidade, portanto economizavam tempo e dinheiro. A aprendizagem on-line ainda apresentava outra vantagem: caso os estudantes tivessem acesso a uma boa conexão, poderiam assistir às aulas de onde quisessem. 

Por outro lado, os alunos foram prejudicados pela aprendizagem virtual, já que, além de exigir uma grande concentração, o ensino remoto requer uma conexão à internet estável, à qual muitos alunos não têm acesso. Brenda revela que pensou em trancar o curso durante a pandemia até que as aulas voltassem a ser presenciais, porque se cansava com facilidade e perdia o foco frequentemente, além de não ter o equipamento adequado, utilizando apenas o celular. Outro ponto negativo era o fato de os estudantes não se sentirem tão confortáveis para interagir com os professores e outros alunos virtualmente. 

Apesar dos benefícios da aprendizagem via internet, a preferência pelas aulas presenciais parece ser consenso entre os estudantes. Tanto João quanto Brenda concordam que o ensino presencial é melhor do que o on-line. O estudante de Jornalismo diz que, mesmo com as dificuldades de adaptação ao ensino presencial, está feliz de voltar ao campus da Praia Vermelha e reencontrar colegas de turma e professores: “Este primeiro mês está sendo um pouco caótico, mas está valendo a pena essa experiência de aprender numa sala de aula, olho no olho, sem ser pela tela”, conclui ele.

Este texto é resultado das atividades do projeto de extensão “Laboratório Conexão UFRJ: Jornalismo, Ciências e Cidadania” e teve a supervisão da jornalista Tassia Menezes.