Pesquisadores da UFRJ realizam uma descoberta inédita no Brasil: fósseis de protozoários preservados em âmbar, com idade estimada entre 125 e 145 milhões de anos. O material coletado poderá ajudar em estudos sobre antigos depósitos de rios e lagos, que remontam a um momento da história geológica da Terra em que a América do Sul e a África ainda formavam um único continente, o Gondwana.
O artigo com o trabalho dos pesquisadores Thiago da Silva Paiva, do Instituto de Biologia (IB), e Ismar de Souza Carvalho, do Instituto de Geociências (Igeo), foi publicado em 27/9 na Scientific Reports, que é uma revista do grupo Nature. O trabalho faz parte de uma série de estudos que, além de descrever as primeiras espécies microscópicas imersas em âmbar em nosso país, amplia o conhecimento sobre a diversidade de micro-organismos do passado da Terra e sua história evolutiva.
As primeiras amostras com os fósseis foram encontradas em rochas do entorno da cidade de Salvador, na Bahia, pelo professor Leonardo Borghi, do Igeo. Posteriormente, novas amostragens revelaram a presença de âmbar no material agora descrito. O âmbar, também conhecido como resina fóssil, é extremamente raro no Brasil e os vestígios nele incrustrados são conhecidos pelo excepcional estado de preservação das estruturas anatômicas. Elas podem se manter tão intactas a ponto de revelar dados importantes sobre os hábitos de vida dos animais e plantas assim fossilizados.
Entre os micro-organismos encontrados, está a espécie Palaeohypothrix bahiensis, que representa uma linhagem evolutiva extinta de protozoários ciliados, até então desconhecida pela ciência. Os ciliados são seres comuns em ambientes terrestres e aquáticos, também são importantes bioindicadores para o monitoramento de qualidade de água e solos, além de algumas espécies possuírem importância biotecnológica quanto à prospecção de moléculas bioativas.
A importância da descoberta para a ciência brasileira, segundo Thiago da Silva Paiva, está em avançar nos estudos dos primeiros seres vivos do planeta.