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Sociedade

Para lembrar do direito à cidade

Na Maré, 13 casas destruídas. Na Vila Autódromo, cinco anos de um projeto de reexistência. A política de remoções, conhecida dos cariocas, é o tema do podcast da semana

Viver a (na) cidade é um direito de toda a população. Mas uma política histórica de intervenção no espaço urbano, de forma recorrente, contraria essa premissa: a política de remoções. Trata-se de uma decisão administrativa que, em nome de um projeto de cidade específico, substitui espaços construídos por novos empreendimentos – nem que, para isso, tudo venha abaixo.

Na quase totalidade dos casos, as remoções são feitas à revelia da população, destruindo lares, raízes e memórias. No Rio de Janeiro, dois prefeitos ficaram conhecidos como os que mais recorreram à política de remoções: Pereira Passos, no início do século XX, com o projeto de “higienização” e “revitalização” do centro da cidade, e Eduardo Paes, no século XXI, durante a preparação para os megaeventos esportivos. Ambos deixaram milhares de pessoas sem referência, mas houve resistência.

No episódio n° 41, o podcast do Conexão UFRJ aborda o tema, recordando um dos casos mais emblemáticos do Rio de Janeiro: a disputa pela Vila Autódromo. Em 2016, resistindo a um processo de expropriação, os moradores, organizados, criaram um espaço para contar sua história: o Museu das Remoções. O lugar, hoje, é referência para o mundo.

“Enquanto a Prefeitura removia, nós construíamos”, disse, à nossa reportagem, Diana Bogado, arquiteta e urbanista, professora universitária, apoiadora da comunidade e cogestora do Museu. Ela conversou conosco sobre a Vila Autódromo de 2021 – que se tornou uma única rua –, sobre os cinco anos do Museu e a importância da luta pelos direitos sociais à moradia, à cidade e ao território. Bogado também falou sobre as consequências do “projeto olímpico” para cidades como Rio de Janeiro e Tóquio.

Preparar a cidade para os megaeventos custou caro, sobretudo, à população. Nesta imagem, de 2014, um protesto na praia de Copacabana mostra o que foi o “legado” deste período para milhares de famílias removidas | Foto: Fábio Caffé (Coordcom/UFRJ)

Na edição da semana, escute também: na Maré, 13 casas são removidas de uma área da Nova Holanda; tudo sobre a UFRJvac, a vacina da Universidade que combate o coronavírus; Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs) recebe o youtuber Jones Manoel para uma conversa sobre pan-africanismo.

O podcast Conexão UFRJ é produzido pela Coordenadoria de Comunicação Social (Coordcom), em parceria com a Rádio UFRJ. O programa vai ao ar toda segunda-feira, às 10h e às 15h, no site da Rádio e está também nas principais plataformas da internet: Spreaker Podcast Player, Apple Podcasts, Spotify, iHeartRadio, Google Podcasts, Castbox, Deezer, Podcast Addict, Podchaser, JioSaavn. Para acompanhar o último episódio, clique no player ou escute no seu tocador preferido.

Ficha técnica

Realização: Coordenadoria de Comunicação Social (Coordcom) da UFRJ
Produção: Patrícia da Veiga e Victor França
Roteiro e edição jornalística: Patrícia da Veiga
Ronda Maré de Notícias: Tamyres Matos
Locução: Gisele Schmidt e Vinicius Lyra
Edição: Victor Vieira e Vinicius Lyra
Trilha: http://partnersinrhyme.com/