Um novo prédio, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), situado na Cidade Universitária, próximo ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), está em fase de inauguração. Comportando oito laboratórios voltados para a pesquisa científica de doenças degenerativas, a estrutura conta com um módulo já finalizado, com seis salas técnicas multiusuárias e uma sala de experimentação animal localizada em dois pavimentos.
A reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Denise Carvalho, e o vice-reitor, Carlos Frederico da Rocha, visitaram o prédio, que possui investimento total de 26 milhões de reais. “O novo prédio do ICB é de extrema importância para continuarmos essa interação entre a pesquisa básica, translacional e a pesquisa aplicada na área da saúde, vital para a ciência brasileira. Muitos conhecimentos serão gerados visando a novas abordagens para diagnóstico de doenças degenerativas, infecciosas e raras. A atuação dos laboratórios garantirá a qualidade acadêmica e da produção do conhecimento e projetará ainda mais a UFRJ na área da saúde no Brasil e exterior”, destacou a reitora.
Os laboratórios reforçam a capacidade da comunidade acadêmica da UFRJ de produzir novos achados científicos que beneficiem a biomedicina, medicina e outras áreas da saúde. Os oito laboratórios que já estão em atividade são:
− Laboratório de Neurodesenvolvimento e Neurodegeneração: investiga a estabilidade do genoma no sistema nervoso;
− Laboratório de Farmacologia da Dor e da Inflamação: investiga remédios com potencial analgésico ou anti-inflamatórios;
− Laboratório de Embriologia de Vertebrados: investiga os processos comuns ao desenvolvimento embrionário e as doenças do envelhecimento;
− Laboratório de Biologia Redox: pesquisa os radicais livres e antioxidantes nas doenças inflamatórias e metabólicas e o próprio câncer;
− Laboratório de Interações Celulares: pesquisa o microambiente celular nos órgãos sadios e doentes;
− Laboratório de Sinalização Celular e Mecanobiologia: pesquisa os fenômenos mecanobiológicos voltados às doenças do sistema nervoso;
− Laboratório de Biologia das Células Gliais: pesquisa células gliais saudáveis e doentes do sistema nervoso.
Estrutura do novo prédio
O segundo pavimento do novo prédio do ICB também contará com dez salas de experimentação animal com 80 metros quadrados. O objetivo é realizar experimentos de esteira, esquiva, comportamento, nado forçado, labirinto em cruz, labirinto aquático e campo aberto em modelos animais roedores. No mesmo espaço, haverá salas de manutenção e criação de animais e locais de lavagem e depósito de maravalha – material de madeira para acomodar roedores. O terceiro pavimento será ocupado por seis salas para estudos em animais selvagens e transgênicos, além de salas para procedimentos cirúrgicos, totalizando uma área de 170 metros quadrados. Tudo deve ser ocupado até dezembro de 2021.
Atuação dos laboratórios
No módulo 1 do prédio, com 900 metros quadrados, dois laboratórios se destacam na pesquisa científica sobre doenças degenerativas que afetam a população mundial. Um deles é o Laboratório de Embriologia dos Vertebrados, coordenado pelo diretor do ICB/UFRJ, professor José Garcia Abreu, que se dedica ao estudo dos processos celulares embrionários e como esses processos podem ajudar a entender doenças degenerativas e alguns tipos de tumores, como o colorretal, na região do intestino. Atualmente dez colaboradores atuam no local, entre estudantes, técnicos e docentes.
“O nosso laboratório estuda as decisões que as células tomam durante a vida embrionária para formar o sistema nervoso. A busca é por novas moléculas que possam agir contra o surgimento de novos tumores ou doenças degenerativas, utilizando o embrião como matriz experimental. Usamos, ainda, ferramentas que propiciam a busca por novos remédios para esses males”, destacou Garcia Abreu.
Já o Laboratório de Neurobiologia Celular, coordenado pela professora Flávia Gomes, segue linha semelhante e investiga como os astrócitos − células do sistema nervoso que interagem com neurônios − contribuem para gerar déficits cognitivos em quadros das doenças de Parkinson e Alzheimer. Os 16 integrantes do grupo de pesquisa, entre estudantes do curso de pós-graduação em Ciências Morfológicas, pós-doutores, alunos de graduação, biomédicos e técnicos, utilizam uma abordagem translacional com células humanas e ensaios comportamentais com roedores. “O conhecimento produzido no Laboratório de Neurobiologia Celular contribui para o entendimento do que é alterado pelas doenças de Parkinson e Alzheimer. A busca é por moléculas que possam equilibrar as vias de sinalização associadas às doenças degenerativas”, enfatizou Flávia.
A nova estrutura do ICB, na visão do professor Garcia Abreu, representa uma mudança consistente na qualidade experimental dos laboratórios, otimização de recursos e qualidade na vida acadêmica de quem circula diariamente no local. O prédio conta hoje com a atuação de 13 docentes, 10 técnicos de laboratório, 37 pós-graduandos e pós-doutores e 8 alunos de iniciação científica.