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Saúde

A importância do aleitamento materno

Maternidade Escola celebra primeiro Agosto Dourado com o selo Hospital Amigo da Criança

Todo mês de agosto a Maternidade Escola da UFRJ se enfeita de dourado. As enfermeiras, técnicas em enfermagem, médicas, nutricionistas e toda a equipe celebram, junto das mães e bebês, o mês do Aleitamento Materno, bandeira que a instituição defende aguerridamente. Este ano existe mais um motivo para comemorar a data: a unidade conquistou o selo Hospital Amigo da Criança, tornando-se referência no apoio à amamentação.

Criado em 1992 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com a Fundação das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Agosto Dourado se tornou lei no Brasil em 2017. Desde então, a data tem como objetivo promover o acesso das gestantes e lactantes ao conhecimento sobre o aleitamento materno, com palestras, eventos, reuniões com a comunidade, entre outras ações que buscam fortalecer a amamentação como política de saúde pública. Na Maternidade Escola, diversas ações são realizadas para entrosar ainda mais mães, bebês e a equipe de cuidados.

Segundo Sandra Valesca, coordenadora da enfermagem do banco de leite e presidente do comitê do aleitamento materno da Maternidade Escola, a instituição comemora o Agosto Dourado desde 2015, mas no ano passado precisou se adaptar diante da pandemia.

“É uma data que a gente espera, que começa a programar em maio quais serão nossas ações de acordo com a temática do ano. Focamos sempre em palestras e eventos, e agora, virtualmente, em ações nas mídias sociais. Divulgar o aleitamento materno e protegê-lo nas instituições e também nos ambientes públicos”, conta.

Entre as atividades deste ano, tiveram destaque rodas de conversa, oficinas de ioga para gestantes e de massagem Shantala, além de palestras sobre a importância da amamentação.

Padrão ouro

Valesca explica que o dourado foi a cor escolhida para representar o mês pois o leite materno é considerado padrão ouro, ou seja, é o alimento mais completo que existe para o bebê. A amamentação traz mais de 250 substâncias ativas e, por isso, o leite materno é considerado um leite vivo. Além dos benefícios alimentares para a criança, também traz benefícios emocionais para mãe e bebê – principalmente quando o aleitamento acontece na primeira hora de vida, a chamada hora de ouro. Nesse momento, o contato pele a pele ajuda na construção do vínculo entre mãe e filho.

“Para o bebê, melhora a digestão, minimiza cólicas, desenvolve a inteligência, reduz o risco de doenças alérgicas e respiratórias, diminui a chance de desenvolver algumas enfermidades – como diarreia –, estimula e fortalece a arcada dentária, entre outros. Para a mãe, quando há pele a pele logo após no nascimento, faz com que o útero volte para seu tamanho normal sem causar hemorragia; ao longo da amamentação, ajuda na perda de peso, reduz a incidência de câncer de mama, ovário e endométrio, além de evitar osteoporose e proteger contra doenças cardiovasculares, por exemplo.”

Apesar de todos esses benefícios excepcionais do leite materno, a amamentação não é simples e fácil para todas as mães. O processo precisa ser aprendido pela mulher e pela criança com apoio profissional e da família. Por isso, é importante que, desde o pré-natal, a mulher possa se informar sobre as mudanças da rotina, a melhor maneira de amamentar, a pega do peito, a importância do aleitamento em livre demanda, exclusivo até os seis meses e complementar até, pelo menos, os dois anos. “No caso do leite natural, deve ser livre demanda, e precisamos entender como isso acontece. Existem sinais que o bebê demonstra quando ele quer ser amamentado, e o profissional pode orientar nessa situação, amparando os anseios e angústias da mãe.”

O trabalho no banco de leite da Maternidade Escola busca dar apoio profissional para sanar as principais dúvidas das mães, dando informação e autonomia para que possam amamentar sem tantas dificuldades. Valesca conta que a visão da amamentação propagada pela mídia e pela sociedade muitas vezes atrapalha na conscientização, já que romantizam o ato e não mostram a realidade do dia a dia. A posição na horizontal, que é vista como mais rotineira, por exemplo, pode não ser a mais adequada.

“Então a mulher só conhece um tipo de posição, que é a tradicional. Mas nem sempre o bebê tem uma harmonia nessa posição com relação à pega e ao bico. Ela vai sendo ensinada sobre como o bebê tem que pegar toda a auréola, e não só o bico, e como vai relacionar com sua postura. E quando ela tem essa dificuldade e não é orientada, acaba gerando uma fissura mamilar – um dos responsáveis por grande parte do desmame precoce.”

Outra dificuldade importante que pode gerar dor e desconforto na hora da amamentação é o freno lingual encurtado. Essa característica bastante comum em bebês pode ser identificada precocemente pelo teste da linguinha, feito há mais de dois anos na Maternidade Escola. O hospital também realiza a frenotomia em casos simples de encurtamento que possam ser solucionados pelos pediatras no local. Para casos mais graves, os pacientes são encaminhados para a unidade básica de saúde, mas continuam tendo o acompanhamento da equipe da sala de amamentação.

Banco de leite não é só lugar de ordenha

Para além das ações do Agosto Dourado, o banco de leite da maternidade não é apenas um lugar para retirada, conservação e distribuição do líquido. Como o espaço ainda não pasteuriza o material, não pode ser considerado um ponto de coleta e trabalha apenas para os pacientes internos. As mães de bebês na UTI fazem a ordenha do leite, que é então distribuído, ainda cru, em até 12h.

Seis profissionais de saúde com máscaras posam para foto em frente à decoração de Agosto Dourado na maternidade
Equipe da Maternidade Escola | Foto: Instagram ME

Mas, a coordenadora explica que o trabalho vai muito além disso. A equipe multiprofissional trabalha diariamente na promoção e proteção do aleitamento materno, também dando apoio a todo o hospital. Durante seu mestrado profissional, Valesca também estudou como ampliar o atendimento virtual para as mães que pariram na maternidade, já que muitas vezes, depois do parto, elas não podiam voltar por causa da distância.

“Meu projeto de mestrado buscava essa integração, com a visita domiciliar quando as mães pedissem, mas também com o apoio por meio das redes sociais, como o WhatsApp e o Instagram”, ressalta, lembrando que com a pandemia a prática se tornou ainda mais importante e permitiu, também, o contato com outras mães.

Selo muito esperado e comemorado

Jorge Rezende Filho, diretor da Maternidade Escola, afirma que, mesmo com as limitações da pandemia, a equipe procura sempre divulgar a importância do aleitamento para a mãe e o bebê. Em janeiro deste ano, a maternidade conquistou o selo de Hospital Amigo da Criança, título fornecido pelo Ministério da Saúde que mostra o comprometimento do hospital em promover o aleitamento materno, entre outras ações que dizem respeito à humanização do atendimento.

“O hospital passou por auditorias, com a visita de equipes para testar o que está sendo feito, se a boa prática do aleitamento está sendo estimulada. É um título bastante rigoroso. Isso nos orgulha porque há muito tempo já temos todo um trabalho nesse sentido e foi uma grande conquista de reconhecimento da nossa maternidade”, comemora.

Entre as práticas promovidas pelo hospital e que garantiram a obtenção do título estão a criação de uma política de aleitamento materno, a capacitação dos funcionários para sua implementação, a transmissão de conhecimento para as mães, a proibição da oferta de outros tipos de alimento para os bebês e de bicos artificiais, entre outras requisitos.

Conheça o trabalho do banco de leite da Maternidade Escola no Instagram.