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Evolução da COVID-19 no Rio de Janeiro causa preocupação

Entre as ações urgentes a serem tomadas, pesquisadores da UFRJ destacam necessidade de mais duas semanas de medidas restritivas

A evolução da COVID-19 no estado do Rio de Janeiro, especialmente na última semana, causa preocupação e reforça a necessidade de ações contundentes para frear o seu crescimento exponencial, a saturação de leitos hospitalares (sobretudo de terapia intensiva) e o aumento de óbitos evitáveis. Este é o alerta emitido em nota nesta segunda-feira, 5/4, pelo Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da COVID-19 da UFRJ (leia aqui na íntegra).

“Infelizmente ainda não foi possível observar redução significativa da mobilidade da população no estado do Rio de Janeiro, que, em geral, segue com necessidade material de sobrevivência face à ausência de uma política de proteção social mínima para garantir sua permanência em casa com dignidade e garantias trabalhistas. Adicionalmente, as demonstrações de aglomerações –  seja por falta de oferta de serviços públicos de transporte adequados ou pelo desprezo daqueles que têm condições de ficar em casa, negam a ciência e assumem os riscos de se contaminarem e seus familiares – são fatores que influenciam em muito a situação atual e projetam os cenários mais sombrios para o mês de abril, que infelizmente têm se concretizado a cada momento”, afirmam os pesquisadores.

As informações do Covidímetro da UFRJ indicam a evolução da pandemia e o aumento da velocidade de propagação do vírus, conforme mostra o gráfico da evolução da taxa de contágio (R):

Covidímetro UFRJ – Evolução do R por semana epidemiológica, considerando o estado do Rio de Janeiro e a capital | Imagem: GT COVID-19 UFRJ

A taxa R representa o número efetivo de reprodução e mostra o quanto o vírus pode se propagar. Se o R é superior a 1, cada paciente transmite a doença a, pelo menos, mais uma pessoa, e o vírus se espalha. Se é menor do que 1, cada vez menos indivíduos se infectam e o número dos contágios retrocede. Por isso, o ideal é que o índice fique abaixo de 1.

A nota lembra, ainda, que a espera por um leito de centro de terapia intensiva (CTI) manteve aumento vertiginoso, saindo de 64 pessoas na fila em 1º/3 para 701 em 31/3.

Espera por leito de CTI subiu mais de 1.000% no estado do Rio entre 1º e 31/3 | Arte: Victor França (Coordcom/UFRJ)

A nota destaca pontos dramáticos, como o fato de os dados estatísticos, muitas vezes, estarem truncados no Ministério da Saúde, a vacinação caminhar em marcha lenta, as equipes médicas estarem em esgotamento, a franca disseminação do coronavírus possibilitar novas variantes, e a ameaça de colapso iminente do sistema de saúde poder gerar desabastecimento de itens críticos (oxigênio, medicamentos do “kit intubação”, equipamentos de proteção individual, entre outros).

Medidas urgentes

Neste contexto, os cientistas pontuam cinco ações imediatas a serem tomadas:

1. Manutenção de medidas restritivas à circulação por pelo menos mais duas semanas, com intensificação de ações de fiscalização para coibir qualquer aglomeração.

2. Massificação de campanhas que orientem sobre o uso correto de máscaras, distanciamento entre pessoas, não aglomeração e lavagem de mãos.

3. Aumento da disponibilidade de transporte público para a mobilidade dos trabalhadores essenciais.

4. Medidas fiscais de proteção e garantia da manutenção do emprego e renda dos trabalhadores e auxílio a pequenas e médias empresas.

5. Suporte econômico a pessoas em condições de fome e desalento.

“Somente com a vacinação em massa teremos condições de vislumbrar um horizonte menos tenebroso. Até lá, precisamos garantir que as medidas de distanciamento social sejam reforçadas”, afirmam.

“Fique em casa se puder! Use máscara! Higienize as mãos com frequência! Não aglomere! Estamos todos cansados física e mentalmente, mas não podemos esmorecer! Todos precisam colaborar. Faz-se necessária a adoção e ampliação de políticas públicas cientificamente embasadas que visem salvar vidas”, finalizam os pesquisadores.