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Museu Nacional recebe recursos da Alerj para apoio à reconstrução

Alerj oficializou repasse de R$ 20 milhões. Entenda o cronograma e os valores necessários para a reconstrução do primeiro museu do Brasil

Nesta quarta-feira (19/8), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) assinou termo de doação de R$ 20 milhões para auxiliar na reconstrução do Museu Nacional da UFRJ, que passou por grave incêndio em setembro de 2018. A cerimônia que oficializou o aporte de verbas aconteceu na Quinta da Boa Vista. O investimento é fruto da lei 8.971/20.

A contribuição garante o avanço dos processos licitatórios para as obras de restauro das fachadas e telhados do Paço de São Cristóvão. As intervenções planejadas para esse primeiro momento já foram aprovadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O presidente da Associação Amigos do Museu Nacional, Luiz Duarte, e os deputados estaduais Waldeck Carneiro (PT) e Flavio Serafini (Psol) também estiveram presentes | Foto: Julia Passos/Alerj

Denise Carvalho, reitora da UFRJ, pontuou a importância do Museu Nacional para o Brasil e a humanidade. “Aqui, no Museu Nacional, há áreas de estudo que colocam a UFRJ entre as 100 melhores universidades do mundo e que não podem morrer. Nós trabalhamos para que elas se fortaleçam. Para isso, as obras do campus de pesquisa e ensino do Museu Nacional já iniciaram”, afirmou ela, que explicou que o Palácio de São Cristóvão será dedicado a exposições e visitações da sociedade.

Para Denise, é preciso devolver o Museu Nacional à sociedade o quanto antes | Foto: Julia Passos/Alerj

“Esses R$ 20 milhões que serão usados para a recuperação de parte do telhado e da fachada do Palácio fazem com que a UFRJ tenha, hoje, quase metade da verba necessária para toda a reconstrução do Museu Nacional. Ainda precisamos de mais aportes de recursos para que a gente possa, em 2025, entregar o Museu Nacional integralmente para a sociedade brasileira e, em 2022, possamos estar todos juntos aqui inaugurando uma parte do Museu, no ano do bicentenário da Independência”, continuou Denise.

A reitora aproveitou para falar da atuação da UFRJ no combate ao coronavírus. “O enfrentamento da pandemia pôde mostrar para a sociedade o real valor das instituições públicas no nosso país”, disse. “Quando não sabíamos se haveria ventiladores pulmonares suficientes, laboratórios da UFRJ se uniram para desenvolver um ventilador de baixo custo”, lembrou.

No caminho certo

Otimista, Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, agradeceu à casa legislativa.

“A doação da Alerj para a reconstrução do Museu Nacional, mais uma vez, demonstra, de uma forma inequívoca, a participação de diferentes segmentos da sociedade brasileira nessa hercúlea tarefa de devolver este Palácio o mais rápido possível para a população brasileira”, afirmou.

Kellner citou que o projeto de reconstrução está sendo apoiado pela Unesco | Foto: Julia Passos/Alerj

“Essa união que, hoje, é sintetizada por essa imensa sensibilidade da Alerj demonstra que nós estamos no caminho certo”, continuou ele, que presenteou o presidente da Assembleia, o deputado estadual André Ceciliano (PT), com um pedaço de madeira pinho-de-riga recuperado do Palácio, com a inscrição “Museu Nacional Vive”, como forma de lembrança do apoio da reconstrução da entidade.

Mas ainda é pouco

Ceciliano pontuou que ainda é preciso mais engajamento da sociedade. “Eu sinto falta de mais personagens aqui. A gente viu que, quando houve a tragédia na França, da Catedral [de Notre-Dame de Paris], o povo francês, as empresas do mundo inteiro ajudaram na reconstrução (estão ajudando). Captaram mais de R$ 4 bilhões”, observou o presidente da Alerj. Para a reconstrução do Museu Nacional, estão assegurados, até o momento, R$ 164 milhões (veja detalhamento a seguir).

Para Ceciliano, o país precisa se envolver mais na reconstrução do Museu Nacional | Foto: Julia Passos/Alerj

“Poucas datas me marcaram: o nascimento dos meus filhos, aquele 1º de maio do Ayrton Senna, o 11/9/2001 [ataque terrorista nos Estados Unidos] e o 2/9/2018 [incêndio no Museu Nacional], que, quando vi pela televisão, dei um grito. Parece que estava arrancando a alma da gente”, disse Ceciliano, emocionado. “Precisamos do envolvimento de todos. O Museu não é do estado do Rio de Janeiro, nem do Brasil; é do mundo, da humanidade”, completou.

Orçamento

Para a reconstrução do Museu Nacional, a previsão é de que sejam necessários R$ 371,8 milhões, a serem utilizados da seguinte forma:

  • reconstrução do Paço e jardins: R$ 257 milhões;
  • campus de ensino e pesquisa do Museu Nacional: R$ 96 milhões;
  • biblioteca: R$ 14 milhões;
  • ações educativas/comunicação: R$ 4,8 milhões.

Valores já assegurados: quase metade do necessário

Até o momento, a UFRJ possui quase a metade do montante necessário para a reconstrução do Museu Nacional, R$ 164 milhões, recursos provenientes das seguintes fontes:

  • Ministério da Educação (MEC): R$ 16 milhões;
  • Alerj: R$ 20 milhões;
  • Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): R$ 21,7 milhões;
  • Vale: R$ 50 milhões;
  • emendas parlamentares: R$ 56,3 milhões.

Cronograma da reconstrução do Museu Nacional

2020: Início dos projetos de arquitetura, jardins e museografia e de obra das fachadas e cobertura no bloco 1.

2021: Início de obras das fachadas e cobertura nos blocos 2, 3 e 4, bem como  de obra nos jardins.

2022: No ano do bicentenário da Independência, está previsto o fim dos projetos de arquitetura e museografia, bem como o fim de obras das fachadas e coberturas no bloco 1 e jardins e início das obras internas do Paço.

2023: Obras internas do Paço.

2024: Fim das obras internas do Paço e da museografia e início da montagem da exposição.

2025: Fim da montagem da exposição e inauguração.

Arte: Divulgação

Projeto Museu Nacional Vive

O projeto de reconstrução do primeiro museu do Brasil – que também é a primeira instituição de ensino e pesquisa em Ciências Naturais e Antropológicas – é uma iniciativa da UFRJ, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Fundação Vale.

Além da reconstrução do Palácio de São Cristóvão e do prédio anexo, a cooperação técnica Museu Nacional Vive contempla o desenvolvimento da nova museografia, a reforma da biblioteca central e a implementação de um novo campus acadêmico.

Com apoio da Vale, do BNDES, do MEC, da bancada federal do Rio de Janeiro e da Alerj, o projeto conta com a parceria de instituições como a Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN), que será a responsável pela gestão da obra de restauração das fachadas e telhados.

Museu Nacional Vive | Foto: Divulgação