A Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ emitiu nota em que avalia que o Conselho Federal de Educação Física (Confef) contrariou as medidas de distanciamento social necessárias à preservação da vida quando enviou ofício ao presidente do Brasil pedindo a reabertura de espaços voltados ao exercício físico.
A nota foi aprovada, por unanimidade, em reunião ordinária da Congregação da EEFD.
Leia a nota na íntegra:
No contexto da pandemia de COVID-19, a Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD/UFRJ), por intermédio de sua Congregação e baseada nas recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), vem a público reiterar a necessidade de manutenção do distanciamento social, sendo adversa, no presente momento, à possibilidade de reabertura de academias, centros de treinamento e instituições semelhantes.
Contrariando as medidas de distanciamento social necessárias à preservação da vida humana, o ofício do Conselho Federal de Educação Física (Confef) 370/2020 solicita ao Excelentíssimo Sr. Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, a abertura de espaços voltados para o exercício físico.
Infelizmente, o que podemos observar no Brasil, inclusive no estado do Rio de Janeiro, onde as medidas protetivas de combate à COVID-19, registradas em estudos científicos, foram desrespeitadas, é que houve considerável elevação da doença, não só no grau de incidência como em sua letalidade.
Nesse sentido, os especialistas e docentes da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ ressaltam que o funcionamento de estabelecimentos voltados ao exercício físico expõe os indivíduos, praticantes e professores, não só durante a prática das atividades, já que o compartilhamento de aparelhos apresenta um elevado risco de contágio, mas também no deslocamento para esses locais.
Cabe destacar, ainda, que a prática de exercícios físicos ao ar livre pode facilitar a propagação de partículas virais por uma distância maior do que aquela que ocorre em situações normais, como alguns estudos têm sugerido. Além disso, a realização de exercícios físicos ao ar livre pode gerar um efeito de “contaminação” de comportamentos, estimulando as pessoas a transitar pelas ruas e, consequentemente, aumentando aceleradamente o contato corpo a corpo.
Desse modo, a atitude de estimular a prática de exercícios físicos, seja ao ar livre, seja em academias de ginástica ou estabelecimentos similares, neste momento, configura muito mais desapreço à vida do que preocupação com a saúde.
Torna-se fundamental enfatizar que defendemos a prática de exercícios físicos em ambientes onde as pessoas possam permanecer, durante a pandemia, isoladas e protegidas da enfermidade. Destarte, a EEFD/UFRJ assume a responsabilidade social de defesa pela vida, frente a uma situação de pandemia agravada, em grande medida, por pessoas que não hesitam em colocar seres humanos em risco.