O neurocientista Sidarta Ribeiro foi convidado pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ para ministrar a aula inaugural deste primeiro semestre de 2020. O evento será realizado na sexta-feira (13/3), às 10h, no auditório do Centro de Tecnologia 2 (CT2). Na ocasião, também haverá recepção para os novos alunos.
Professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ex-secretário da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento, Sidarta desenvolve pesquisas em temas como memória, sono e sonhos; plasticidade neuronal; psiquiatria computacional e aplicações da neurociência à educação. É autor de 101 artigos científicos, 15 capítulos de livros científicos e três livros. Sua obra mais recente é O Oráculo da Noite: a História e a Ciência do Sonho. Lançada na Festa Literária Internacional de Paraty, em 2019, é resultado de suas pesquisas sobre o sono e os sonhos.
Formado em Biologia pela Universidade de Brasília (1993), com mestrado em Biofísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994), Sidarta é Ph.D. em Comportamento Animal pela Universidade Rockefeller (2000) e fez pós-doutorado em Neurofisiologia na Universidade Duke (2005). Membro da Academia de Ciências da América Latina (Acal), do Conselho Consultivo da Rede Nacional de Ciência para a Educação e do Conselho Consultivo da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, é coordenador de núcleo do projeto de Avaliação de Crianças em Risco para Transtorno de Aprendizagem (Acerta – Capes/Observatório da Educação).
Ciência com engajamento
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em janeiro de 2020, Sidarta Ribeiro disse que “a ciência brasileira vive um verdadeiro pesadelo e um grande retrocesso”. Destacou que existe hoje no país um debate muito mais aprofundado sobre qual projeto queremos e qual a vocação do Brasil: se apenas produzir e vender soja e minério, ou produzir conhecimento e capital humano.
Na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em julho de 2019, em Campo Grande, o pesquisador apresentou as conclusões de um grupo de trabalho, elaborado ao longo de meses, no qual descreve o que é o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação, mostra como ele evoluiu e como está “sendo destroçado nos últimos cinco anos”. No evento, a sessão sobre “política científica do governo Bolsonaro”, por ele coordenada, foi registrada por militares fardados, e resultou em grande repercussão na imprensa. Sobre o episódio, o pesquisador comentou em seguida em entrevista publicada na revista Piauí:
“Mais importante que discutir o gesto dos militares é focar nos problemas enfrentados pela ciência brasileira. O importante não é que registraram a palestra, o mais grave é o colapso do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação. A notícia não é que Ricardo Galvão bateu boca com Bolsonaro, é que o desmatamento na Amazônia disparou”, prosseguiu o pesquisador. “Temos que tomar o cuidado de não ficarmos falando da espuma e nos esquecermos da essência.”
*Com informações do Planeta Coppe Notícias.