A crise ambiental que assola o mundo atinge também os laboratórios científicos. O Instituto de Química (IQ) da UFRJ encontrou uma maneira de analisar seus processos para torná-los mais eficientes e menos agressivos ao meio ambiente. Para isso, criou-se o Reciclab, projeto de extensão que promove iniciativas sustentáveis em prol de uma química verde.
Paula Lessa, professora do IQ e responsável pelo projeto, explica que o Reciclab trabalha, atualmente, em três frentes diferentes: a avaliação dos processos laboratoriais utilizados na graduação, a promoção de atividades em escolas públicas cariocas e a produção e manutenção de um sistema online que visa à economia colaborativa.
A equipe do projeto vem acompanhando as aulas experimentais realizadas na graduação desde 2016. A cada semestre é escolhido um Departamento a ser avaliado por critérios como boas práticas, descarte, uso de equipamentos de proteção coletiva e individual, tipos de resíduos gerados, potencial de reaproveitamento, necessidade de material, entre outros. “Depois fazemos um relatório e passamos para o chefe do Departamento. É uma ação dialogada, não fiscalizadora. Queremos entender como as aulas funcionam e quais são as necessidades de cada Departamento”, conta.
Essa parte do projeto ajuda na conscientização de professores, alunos e técnicos sobre a sustentabilidade dos processos realizados ali e permite que novas práticas sejam assumidas. Como, por exemplo, o Sistema Reciclab. Criado para ser um ambiente de economia circular, o site reúne servidores da UFRJ dispostos a realizar trocas de materiais sobressalentes, como reagentes, vidros e materiais de escritório. A professora explicou que o sistema, além de promover uma maior utilização do material, ajuda na integração dos usuários. “Vimos uma maior aproximação do público, permitindo a troca de experiências e a visita aos laboratórios.”
A última frente trabalhada é a aproximação com a educação básica. O Reciclab realiza visitas a escolas municipais do Rio de Janeiro onde apresenta oficinas pedagógicas e minicursos para estudantes e professores. O projeto tem também uma parceria com outra ação de extensão, o Conhecendo o IQ, que promove visitas de estudantes do ensino médio aos laboratórios do Instituto.
Um dos temas preferidos nessas visitas é a sustentabilidade, que trabalha com o conceito e os objetivos do desenvolvimento sustentável. Lessa cita, por exemplo, experiências realizadas com carvão ativado para limpar impurezas na água. “Antes mesmo da questão envolvendo o fornecimento de água na cidade, já falávamos sobre isso. É legal que esses adolescentes possam ver a ciência aplicada na prática do dia a dia,” conclui a professora.