Pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, Austrália e Reino Unido publicaram na revista Nature Medicine, no dia 17/3, um estudo revelando que o vírus SARS-CoV-2, causador da pandemia que abala todo o planeta, é fruto de uma evolução natural e descartam a possibilidade de manipulação humana intencional.
De acordo com o estudo, o SARS-CoV-2 é o sétimo coronavírus conhecido por infectar humanos: três podem causar graves doenças (SARS-CoV, MERSCoV e SARS-CoV-2), enquanto outros quatro estão associados a sintomas leves (HKU1, NL63, OC43 e 229E). Para os cientistas, é improvável que o SARS-CoV-2 tenha surgido por meio da manipulação em laboratório que mantivesse um coronavírus do tipo SARS-CoV e são propostos dois cenários que explicariam a origem do SARS-CoV-2.
No primeiro deles, o vírus seria uma evolução por seleção natural que ocorreu em algum hospedeiro animal (ainda indefinido) antes da transmissão da zoonose. O segundo cenário seria a seleção natural ter ocorrido em seres humanos, após a transferência zoonótica.
Como vários casos da COVID-19 estavam ligados ao mercado de Wuhan, na província de Hubei, na China, é possível que morcegos comercializados como iguarias no local sejam a fonte animal relacionada ao vírus. Outro animal degustado pelos chineses, o pangolim-malaio (Manis javanica), mamífero que tem o corpo coberto de escamas e se parece com o tatu, também é suspeito de ser hospedeiro do SARS-CoV-2.
A compreensão detalhada de como um vírus animal ultrapassou os limites das espécies para infectar seres humanos de maneira tão produtiva ajudará na prevenção de futuros eventos zoonóticos, segundo os pesquisadores. Além disso, identificar parentes virais mais próximos do SARS-CoV-2 circulando em animais contribuirá bastante para os estudos da função viral. De qualquer forma, independentemente da origem do SARS-CoV-2, a vigilância contínua de pneumonia em humanos e outros animais é claramente de extrema importância, concluem os cientistas.