2018 e 2019. Dois anos de efervescência sócio-político-econômica no Brasil e, em meio à instabilidade do país, um feito: a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conquistou, nos dois anos seguidos, o topo absoluto em inovação no Ranking Universitário Folha (RUF), mostrando que a primeira universidade criada pelo Governo Federal (em 1920) também se espraia para a liderança na inventividade em novos conhecimentos.
Com metodologia inspirada em rankings internacionais, o quesito inovação do RUF levou em conta dois critérios: patentes depositadas junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e artigos em colaboração com empresas. Em 2019, 197 universidades foram ranqueadas. Das 20 primeiras posições do ranking de inovação, 15 são ocupadas por universidades públicas, sendo 11 federais. Atrás da UFRJ, figuram a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Federal do Paraná (UFPR), em segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Denise Freire, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, aponta possíveis motivações para a Federal do Rio ter atingido o primeiro lugar no Brasil. “A UFRJ teve, nos últimos anos, um enorme crescimento da qualificação docente, o que repercutiu positivamente na expansão da oferta de programas de pós-graduação e, consequentemente, na produção científica e de inovação da Universidade. Inovação somente é possível com geração de conhecimento científico de qualidade. Somos líderes nesse quesito porque a UFRJ já possui um excelente ecossistema de inovação com vários componentes maduros e produtivos, como o Parque Tecnológico, uma incubadora de empresas, uma incubadora tecnológica de cooperativas populares, a Agência de Inovação e diversas outras microestruturas, tais como os laboratórios de pesquisa e as atividades de fomento à inovação e ao empreendedorismo”, afirma.
“A inovação, que trata da transformação de ciência em algo de valor para a sociedade, é um conceito que acompanha a UFRJ desde sua criação. As inovações tecnológica e social são componentes cruciais para a complexificação das cadeias produtivas do país, uma vez que os agentes econômicos e sociais se tornam mais interdependentes econômica, política, social e tecnologicamente. Diferentemente do que acontecia em sociedades industriais tradicionais, a atual lógica da inovação se apoia muito mais em produção e aprendizagem do conhecimento. Essa dependência da produção em relação à aprendizagem gera, por sua vez, uma forte interação entre agentes produtivos e agentes produtores de saber. E as universidades e os centros de pesquisa são os agentes produtores do saber”, diz.
O papel da Agência de Inovação
Em 12 anos, a UFRJ, com a Agência de Inovação, acumulou 371 depósitos de pedido de patente, 687 notificações de invenção, de 2016 a 2019, 42 registros de software, 16 contratos de licenciamento e 214 acordos de parceria que geraram R$ 1,8 milhão em comercialização da propriedade intelectual.
Para Flavia Lima, coordenadora da Agência UFRJ de Inovação, o órgão ocupa posição de relevância na Universidade. “Nossos principais objetivos são proteger, por meio de patentes e registros, as criações intelectuais decorrentes das pesquisas acadêmicas da UFRJ e buscar sua transferência, por meio de licenciamentos, para o setor produtor de bens e serviços”, afirma.
“A Agência foi criada em 2007 e, ao longo dos últimos 12 anos, veio desenvolvendo uma série de atividades, que vão desde a questão da proteção intelectual em si até o estímulo de iniciativas empreendedoras e socialmente inovadoras geradas na UFRJ, além da realização de atividades de difusão da cultura de inovação e empreendedorismo por meio de cursos, palestras, workshops etc. É muito importante que haja na UFRJ um somatório de esforços com esse objetivo, e a Agência de Inovação tem um papel fundamental, nesse sentido, ao promover a articulação do ecossistema de inovação da UFRJ”, completa Flavia.
A pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa acrescenta: “Esse ecossistema gera produção científica de qualidade, que se traduz num grande número de artigos científicos publicados em cooperação com empresas, evidenciando o fato de que os investimentos em ciência e tecnologia garantem o retorno para a sociedade, não apenas com as novas descobertas e produtos desenvolvidos, mas também com a interação universidade-empresa”, conclui.