A Cidade Universitária da UFRJ é banhada por uma das áreas mais poluídas do Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara. Para estudar as praias da Ilha do Fundão e a qualidade da água do seu entorno, o Instituto de Microbiologia Paulo de Goés (IMPG) promove uma série de ações de extensão que culminou em um mutirão para a limpeza do local, em parceria com a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e a Prefeitura Universitária (PU), no final de novembro.
Durante uma aula de campo do professor Marco Miguel, uma turma de bacharelado em Ciências Biológicas recolheu amostras da baía, surpreendendo-se com a beleza do local e com a quantidade de lixo que poluía a costa. Propuseram, então, uma ação de limpeza e a produção de um ensaio fotográfico para a conscientização ambiental, que resultaram em uma disciplina de extensão. Miguel buscou, então, o apoio da Prefeitura Universitária e da Comlurb para terem uma maior estrutura na coleta e gestão dos resíduos.
Segundo o professor, a preparação durou cerca de três meses, com atividades como o levantamento de equipamentos necessários, planos de contingência em caso de acidente, além do planejamento do registro fotográfico e de um documentário. “Durante a coleta, verificamos que o plano inicial de limpar toda a praia era impossível com a estrutura disponível. Até a equipe da Comlurb que sabia do tamanho da área a ser analisada foi pega de surpresa, uma vez que a quantidade de resíduo foi muito maior do que a prevista”, contou.
A equipe conseguiu limpar uma área entre 5 e 10% da planejada, já que o lixo não estava apenas na superfície, mas também sob muitas camadas de areia. “Ao final, a área limpa continha, na parte superficial, apenas areia e algas, que deu uma aparência completamente diferente ao local.”
Entre o material coletado, estavam pneus, capacetes, material de obra e muitas embalagens de plástico. “Pelo tipo de material encontrado, entendemos que a própria população é a principal poluidora da Baía de Guanabara. Algumas empresas, principalmente de alimentos, destacam-se como principais comercializadoras das embalagens encontradas e por isso deveriam participar ativamente das campanhas de educação da população para que o problema seja solucionado.”
Para o docente, a Universidade precisa se envolver mais nas atividades de conscientização e educação ambiental, seja por meio de mais atividades com participação dos alunos, seja com o estreitamento de laços com parceiros capazes de promover essa mudança.
As atividades do IMPG seguem acontecendo com a análise do entorno do Fundão. “Nós realizamos o acompanhamento microbiológico, além do monitoramento da qualidade da areia e pesquisa de microrganismos patogênicos, e até superbactérias.” Segundo o docente, por meio da pesquisa, eles são capazes de mostrar aos frequentadores que as praias, em alguns períodos e sem a presença do lixo, podem ser aproveitadas até mesmo para o banho. “A orla da Ilha do Fundão é muito bonita e oferece uma vista completamente diferente do Rio de Janeiro. Merece até entrar para o roteiro turístico da cidade”, concluiu.