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Memória

Professor da Fiocruz doa acervo de arte africana para o Museu Nacional

Peças fazem parte de coleção reunida em viagens pela África Subsaariana

O professor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Wilson Savino doou para o Museu Nacional (MN) mais de 300 peças, entre esculturas e quadros, e 40 livros de arte africana. O acervo, que foi transmitido em 31/8, ficará exposto em futuras atividades do MN. 


Wilson Saviano doa acervo. Foto: Igor Soares – Coordcom/UFRJ

A doação ocorreu no mesmo dia da assinatura do protocolo de intenções, em cerimônia que reuniu Reitoria, Museu Nacional e autoridades de diversos setores para prestar contas do primeiro ano após o incêndio que acometeu o museu em 2018. Na oportunidade, a reitora da UFRJ, Denise Carvalho, o diretor do MN, Alexander Kelner, o historiador Crenivaldo Veloso e Savino assinaram os termos que permitem a exposição das peças.

A coleção é fruto de um interesse pessoal pela cultura africana. “Sou biomédico de formação e cientista na área, mas sou apaixonado há mais de 20 anos por arte e música africanas. Fui comprando as peças para o prazer dos olhos e da mente em muitas viagens que fiz”, contou, ressaltando que a coleção é focada na África Subsaariana.

Por meio da Fiocruz, a coleção do professor foi exibida em várias cidades do Brasil e o incidente no museu fortaleceu a importância de compartilhá-la com o maior número de pessoas. “No dia do incêndio tomei a decisão de doar as peças para o Museu Nacional. Em conversas com a UFRJ, as peças foram analisadas e constatou-se a relevância do material”, relembrou.

Veloso é servidor do MN e trabalha diretamente com os acervos da instituição. Ele destacou que a doação chega em um momento muito oportuno, já que o museu vinha, mesmo antes do incêndio, repensando o acervo. “Temos peças etnográficas não só do Brasil, mas também de outras culturas. A coleção africana data de antes do museu, ao longo do século XIX, mas só a partir dos anos 1940 as peças começaram a ser exibidas.”

Segundo o pesquisador, recentemente a UFRJ realizou, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), uma série de estudos sobre a história do acervo, reunindo sua documentação, que estava espalhada pelo país. “Aí entra a característica de instituição científica do Museu Nacional, dando um novo sentido e uma nova narrativa. Nossa proposta é descolonizar um acervo que foi obtido sob diversas circunstâncias, mas que sempre evidenciava uma dominação colonial. Com essas peças, a situação é diferente”, concluiu.

Serão realizadas, ainda, atividades como entrevistas com Savino para traçar a história de cada peça e pesquisas etnológicas, para que, então, a coleção seja exibida em exposições e atividades do MN.

Saiba como ajudar o Museu Nacional, a partir da doação de acervos ou com outras contribuições, pelo site da instituição.