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Nota de repúdio sobre cortes na pesquisa universitária

“Cenário evidencia apequenamento da ciência”, diz trecho da nota da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ


foto: Diogo Vasconcellos (Panorama UFRJ)

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2) torna públicos sua profunda indignação e repúdio em relação aos cortes, contingenciamentos e quaisquer tipos de redução nos já escassos recursos de que a pesquisa universitária dispõe. Além da diminuição dos custeios, indispensáveis para o andamento das pesquisas, houve o bloqueio orçamentário das bolsas de estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação.

As bolsas de pesquisa concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), assim como as provenientes da Capes, são fundamentais à produção científica e tecnológica nas universidades brasileiras. Elas viabilizam a dedicação de pesquisadores dos mais variados níveis de formação à produção de conhecimento. 

Esse cenário evidencia, na mesma e lamentável proporção, o apequenamento da ciência e da tecnologia brasileiras e a consequente e inevitável mácula perante o cenário internacional, no qual a universidade pública sempre soube se afirmar com excelência. No entanto, tal fato parece não estar sendo considerado pela administração ministerial.

Além das políticas que visam reduzir a verba federal destinada às bolsas, outra ação governamental move a repulsa desta pró-reitoria: a redução orçamentária dos expedientes de avaliação do sistema de pós-graduação brasileiro.

Nossos mecanismos de avaliação são mundialmente reconhecidos como referências, e estamos convictos de que seria absolutamente incongruente que tal estrutura, construída por décadas e com sacrifício, seja questionada em nosso próprio país.

A construção do conhecimento (teórico, prático ou pragmático) não pode, sob nenhum pretexto, encontrar limitações por parte do Estado. Ainda que sejam possíveis e mesmo bem-vindas as parcerias com a iniciativa privada, cabe ao Estado a responsabilidade de zelar pela autonomia e liberdade na estratégica produção de saberes, sob pena de despencarmos do lugar de destaque que ocupamos para a total obscuridade.

As bolsas de estudo e de pesquisa, portanto, têm sido primordiais para assegurarmos a formação, dedicação e manutenção de todos os pesquisadores. Sem pesquisador, não há pesquisa; sem pesquisa, não se produz conhecimento; sem conhecimento, não há progresso; sem progresso, não há nação.

Denise Freire
Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ