Requisição feita pela UFRJ visa à regularização do uso da área e ao prosseguimento da parceria com o BNDES
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, na terça-feira (4/6), o destombamento do antigo prédio do Canecão. A iniciativa, pleiteada pela UFRJ, busca dar continuidade à parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para transformar a área em um novo aparelho cultural para a cidade. Com total apoio da assembleia, a proposta ainda precisa da aprovação do governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Para o reitor da UFRJ, Roberto Leher, o destombamento é crucial para a estratégia da Universidade. “Nós só podemos desenvolver o projeto de construção de um novo espaço cultural com o destombamento. O tombamento foi sui generis, por meio de um projeto de lei encaminhado pelo governo estadual. Isso precisava ser corrigido para que o novo espaço possa ser construído com outras características, inclusive de volumetria e normas de segurança”, afirmou. Segundo ele, a UFRJ solicitou tramitação em regime de urgência à Alerj para que o projeto da Universidade junto ao BNDES pudesse prosseguir dentro do prazo planejado.
Durante a sessão, André Ceciliano, um dos proponentes do projeto, ressaltou a importância que a casa de espetáculos teve no cenário cultural carioca. Segundo ele, a proposta da UFRJ é de amplo interesse público, com ganhos revertidos para a melhoria dos serviços da Universidade. “A assembleia hoje votou unanimemente pelo destombamento. Queremos que aquela área seja ocupada o mais breve possível e que possamos ter de volta a nossa casa da música popular brasileira.”
O deputado Flavio Serafini, por sua vez, sinalizou a importância de ter no espaço um novo aparelho cultural que possa atender também as demandas públicas. “Que não seja utilizado apenas para a iniciativa privada, mas que seja garantido o princípio do uso público e da divulgação artística e cultural.”
O projeto de valorização do patrimônio da UFRJ visa obter recursos adicionais ao orçamento público para realizar investimentos que reforçam os três pilares das atividades universitárias: ensino, pesquisa e extensão. Terrenos e imóveis da UFRJ na Praia Vermelha, na ilha do Fundão e no Centro do Rio de Janeiro poderão ser concedidos a investidores por até 50 anos.
Ao todo, 430 mil metros quadrados de imóveis da UFRJ na cidade do Rio de Janeiro estão sob consultoria para possíveis concessões futuras. Como contrapartidas, os investidores deverão construir novos prédios na UFRJ e realizar sua manutenção estrutural, ou concluir obras que estão paradas.
Algumas das contrapartidas previstas no projeto: edifícios para cerca de mil vagas de residência estudantil, três novos restaurantes universitários, que deverão servir oito mil refeições por dia, a conclusão de prédios acadêmicos com obras paralisadas e um novo equipamento cultural para cerca de 1.500 pessoas na Praia Vermelha, cuja gestão será compartilhada entre a UFRJ e o gestor privado.
Sobre o novo equipamento cultural
O prédio do antigo Canecão é um dos imóveis que fazem parte do projeto da UFRJ com o BNDES. A requisição para destombamento do imóvel partiu da Universidade. Uma consultoria contratada divulgará os modelos de uso econômico dos imóveis no segundo semestre deste ano.
O destombamento é essencial para que a UFRJ prossiga com o projeto junto ao BNDES e possa regularizar o uso da área onde funcionava a casa de shows. Após essa etapa, será possível definir melhor as intervenções no local. A proposta da Universidade é devolver à cidade do Rio de Janeiro um equipamento cultural para promoção da música e da arte.
O destombamento do lugar onde funcionou o antigo Canecão visa corrigir uma restrição sobre a utilização do terreno, que não tem valor arquitetônico, e viabilizar o projeto de valorização dos ativos imobiliários da UFRJ.