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Memória

Museu Nacional apresenta peças resgatadas da coleção egípcia

Amuletos da múmia da sacerdotisa e cantora Sha-Amun-em-su foram recuperados e serão apresentados, pela primeira vez, depois de 2.700 anos


Parte do acervo da coleção egípcia. Imagem: Trevo Soluções

O Museu Nacional (MN) apresentou, em 7/5, 270 itens do acervo recuperados da coleção de artefatos egípcios. Entre os destaques, estão amuletos da sacerdotisa Sha-Amun-em-su que nunca foram expostos ao público, a estatueta de uma dama egípcia,  estatuetas shabits, entre outros.

“Já conseguimos resgatar mais de 2.700 peças do Palácio, sendo que 200 são da coleção egípcia. O caixão da sacerdotisa, onde estavam esses objetos, jamais tinha sido aberto. E a expectativa é que encontremos um número ainda maior de peças dessa importante coleção. É importante lembrar que apenas uma pequena parte da sala na qual estavam os artefatos egípcios e as múmias foi escavada”, destaca Alexander Kellner, diretor do MN.

O caixão da múmia de Sha-Amun-em-su sempre foi uma das peças de maior destaque da coleção egípcia do Museu. O caixão em madeira policromado permaneceu no escritório de Pedro II até a proclamação da República. Apesar de permanecer lacrado por mais de 2.700 anos, seu conteúdo já era de conhecimento dos pesquisadores, graças a uma tomografia realizada em 2005.

“As imagens revelaram que a múmia possuía um amuleto do tipo escaravelho-coração na altura do peito e um pequeno saco, com oito amuletos, para a proteção da cantora em outra vida. Com o incêndio, após um exaustivo trabalho de peneiramento da sala do Egito, todos os amuletos e o escaravelho foram recuperados e puderam ser expostos, pela primeira vez, à luz do dia”, explicou Pedro Luiz Diniz Von Seehausen, integrante da equipe de resgate do MN.

Outro importante artefato encontrado foi a estatueta de calcário conhecida pelo público como “Dama do cone”. A peça representa uma mulher da elite trajando vestido de linho pregueado. Ela segura nas mãos uma flor de lótus como sinal de renascimento. Originalmente, a dama tinha um cone de incenso na cabeça que foi perdido no incêndio. As cores também foram apagadas pelo calor. A peça é da XVIII dinastia (1.500 a 1.450 a.C.) e é proveniente de Tebas, atual cidade de Luxor.

Os pesquisadores do Museu encontraram ainda shabtis ou ushabti, estatuetas mumiformes, variando entre 10 e 60 centímetros; votivas, estatuetas em bronze que representavam divindades egípcias; estelas, lajes com cenas ou textos, além de vasos decorados.

 

Coleção

A coleção egípcia do MN é de grande relevância para a arqueologia de Tebas, cidade do antigo Egito, localizada próxima a Luxor, e considerada pela Unesco como patrimônio mundial. E incluía também muitos objetos de Abidos, o centro religioso de maior veneração popular no país africano.

Com 700 peças, o maior acervo do tipo na América Latina, a coleção começou a ser formada em 1826 por Pedro I. O imperador comprou uma série de peças do mercador italiano Nicolau Fiengo e doou ao acervo do Museu Real. Pouco mais de meio século depois, em uma viagem ao Egito, Pedro II ganhou de presente do quediva Ismail, o soberano do país africano, o caixão de Sha-Amun-em-su.