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UFRJ cria armadilha para Aedes aegypti

Dispositivo é capaz de atrair, capturar e exterminar o mosquito


Aedes aegypti. Crédito: Revista ABRALE

*Com informações da Agência UFRJ de Inovação

 

Um grupo de pesquisadores da UFRJ criou uma armadilha para o mosquito Aedes aegypti, propagador dos vírus da dengue, zika e chikungunya. O dispositivo tem capacidade para atrair, capturar e exterminar, principalmente, as fêmeas da espécie. A invenção foi registrada na Agência UFRJ de Inovação pelos autores Ivo Carlos Correa, professor do Departamento de Prótese e Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia, Mônica Ferreira Moreira, professora do Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular de Vetores do Instituto de Química, Edimilson Migowski, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina, e Tiago Salles, doutorando em Bioquímica.

Conforme explica a professora Mônica, o aparato tem como diferencial o fato de ser destinado especificamente ao mosquito Aedes. “Os outros produtos que já existem no mercado, especialmente os que fazem uso de luz ultravioleta ou branca, são voltados para insetos em geral. Acontece que os odores dos outros insetos acabam dificultando a captura do Aedes aegypti. E, ao reconhecer esses odores, o Aedes simplesmente evita os produtos já existentes”, explica.

A professora também chama a atenção para outro detalhe importante: “É a fêmea do Aedes o vetor das doenças”. É justamente aí que a invenção se destaca. Baseada na emissão de luz LED em comprimentos de ondas específicos entre o azul e o amarelo, e com pico na cor verde, a armadilha sensibiliza a retina da fêmea do mosquito para atraí-la e, em seguida, capturá-la por um sistema de sucção reversa. Finalmente, o inseto é empurrado em direção a uma grade que emite uma descarga elétrica de baixa voltagem, causando a morte do mosquito.

A tecnologia ainda apresenta o benefício de agir sobre os mosquitos resistentes a inseticidas químicos, além de se enquadrar na concepção de tecnologia limpa, não causando  poluição ambiental. “Por não empregar inseticida ou qualquer produto químico, a invenção é considerada amigável ao meio ambiente e, por isso, pode ser usada em locais abertos ou fechados, frequentados por adultos, crianças ou recém-nascidos”, comentam os inventores.

Testes laboratoriais realizados na UFRJ demonstraram que, durante um período de 24 horas, enquanto armadilhas para insetos que fazem uso de luz branca são capazes de matar de três a cinco em cada 20 mosquitos, a nova armadilha com luz LED conseguiu eliminar de 16 a 19. Ou seja, a invenção mostrou ser praticamente cinco vezes mais eficiente.

O professor Ivo explica ainda outra vantagem da nova armadilha: “Por conta do seu baixo custo de produção, ela pode ser fabricada em diversos tamanhos. Até mesmo o seu funcionamento através da conexão a um computador via USB seria algo viável”.

A invenção já se encontra protegida por um pedido de patente realizado pela UFRJ ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O próximo passo é buscar a inserção da tecnologia na cadeia produtiva, permitindo que a população possa usufruir do invento. Para isso, a Agência UFRJ de Inovação está em busca de empresas interessadas em levar a armadilha ao mercado, visando à sua produção em larga escala. Os interessados podem entrar em contato pelo email comunicacao@inovacao.ufrj.br.

Verão

O Aedes aegypti encontra na alternância entre as altas temperaturas  e as chuvas o ambiente ideal para o desenvolvimento de suas larvas e sua reprodução. As fêmeas do mosquito não colocam os ovos diretamente na água, mas milímetros acima da superfície, na parede do reservatório. Quando chove, o nível da água sobe, atingindo os ovos e fazendo-os passar à fase de larvas, até a fase adulta.

O verão é a estação ideal para o desenvolvimento das larvas, já que a temperatura mais favorável para o seu crescimento é entre 25 e 30°C. O resultado dessa combinação é o aumento da população de Aedes aegypti e, com isso, do risco de epidemias das doenças transmitidas pelo mosquito.