Sete anos após o incêndio na Capela São Pedro de Alcântara, causado por imperícia da empresa que realizava a reforma no Palácio da Praia Vermelha, finalmente é possível ver o local recuperar sua vida e beleza. A Capela, de estilo Neoclássico, construída junto ao Hospício Pedro II, fundado em 1852, já conta com um telhado totalmente reformado, com estrutura metálica, proteção contra chamas e belas claraboias coloridas. Além disso, elementos arquitetônicos foram recuperados, como detalhes em pilastras e na cúpula, que é toda em cobre e madeira. Forros e novas caixas d’água com reserva para incêndio foram instalados. Desenhos artísticos que estavam escondidos, mesmo antes do incêndio, por pinturas feitas por cima, foram revelados e encontram-se em perfeito estado. A fachada já está praticamente toda renovada e voltando a ter a sua cor original.
A reforma foi organizada em algumas etapas. Na atual, todos os problemas de infiltração também já foram resolvidos. Segundo Maurício Marinho, arquiteto do Escritório Técnico da UFRJ, toda essa reestruturação externa evita qualquer tipo de problema que possa interromper o posterior tratamento interno do edifício. A estrutura artística, que foi praticamente toda perdida no incêndio, também já está sendo recuperada. As edificações agora se encontram na coloração ocre, que é o tom original encontrado nas investigações realizadas na estrutura do palácio. Esse projeto inclui apenas telhado, fachada e forros. Concluída essa fase, a empresa passa para os acabamentos. A previsão para conclusão da primeira etapa está prevista para março de 2019. Ela inclui todo o palácio e está sendo cumprida pela empresa Biapó.
A restauração do Palácio da Praia Vermelha passa por um momento muito positivo. De acordo com Maurício, a Biapó tem colaborado bastante para um trabalho completo e de altíssimo nível de qualidade e comprometimento. A empresa, inclusive, restaurou um chafariz que fica na parte externa e fará o mesmo com outros dois. O mestre de obra, que também é artista plástico e trabalha com madeira, esculpiu uma nova imagem de São Pedro de Alcântara. Ela será sacralizada pelo cardeal do Rio de Janeiro Dom Orani Tempesta, em evento posterior.
O projeto de restauração completa do Palácio da Praia Vermelha já foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), bem como o orçamento para a próxima etapa, que consiste na restauração da ala central do palácio. Isso inclui a parte interna da Capela e os pátios em suas laterais, onde fica o Instituto de Economia. Todo o sistema elétrico será trocado, novos ares-condicionados serão colocados, assim como haverá novas instalações hidráulicas e redes de incêndio. A praça escalonada dará acessibilidade ao edifício. Todas as esquadrias serão renovadas; janelas e portas, trocadas. O piso terá uma atenção especial: peças de peroba-do-campo e peroba-rosa foram doadas pela Casa da Moeda para o assoalho da Capela.
A empresa promete entregar o espaço com toda a segurança necessária, acessibilidade e sinalizações gráficas, proporcionando uma agradável experiência aos frequentadores do local. O Escritório Técnico da UFRJ, representado, nesse caso, pelos arquitetos Maurício Marinho e Paulo Bellinha, acompanha cada passo da reforma. Ambos estão bastante satisfeitos com o andamento das obras e otimistas quanto à total recuperação do espaço.