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Nota conjunta Fiocruz e UFRJ sobre a 15ª SNCT

Pela primeira vez, instituições se juntam durante semana promovida pelo MCTIC

O Brasil é um país complexo e de grandes dimensões e contradições. Ao mesmo tempo em que é capaz de produzir conhecimento científico e tecnológico de alto nível, também mantém, no seio de nossa sociedade, uma extrema desigualdade social, que corrói as suas estruturas de funcionamento e os direitos básicos de seus cidadãos.

Assim, a Fiocruz e a UFRJ, instituições que historicamente empregam a produção do conhecimento científico e tecnológico para promover a justiça social, buscando aproximar o saber acadêmico e o saber popular, receberam, com plena satisfação, o tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) deste ano. Destacamos que a iniciativa ocorre no Brasil desde 2004, todo ano com um tema diferente, sempre no  mês de outubro, oportunizando que universidades e instituições de pesquisa abram suas portas e trabalhos para dialogarem com o público em geral.

A definição do tema da 15ª edição da SNCT, Ciência para a Redução das Desigualdades, baseia-se na Agenda 2030, estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e seus 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em particular o ODS de número 10 – que trata da redução das desigualdades e está imbricado com a realidade das favelas do Rio de Janeiro.

Neste ano foram planejadas atividades da SNCT a partir da articulação entre a Cooperação Social e o Museu da Vida, da Fiocruz, Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ e organizações de base sociocomunitária das favelas de Manguinhos e da Maré. Serão promovidas mais de 20 atividades, como oficinas, exposições, rodas de conversa, entre outras. Toda a programação circulará nos diferentes espaços das instituições e territórios.

A orientação presente nessa parceria aponta para que as atividades tenham uma linguagem acessível e meios inovadores que estimulem a curiosidade e motivem as pessoas a discutirem as implicações sociais da ciência, tecnologia e inovação. isso em uma relação direta com a melhoria da qualidade de vida da população empobrecida e residente em territórios social, civil e ambientalmente vulnerabilizados, como as favelas de nossa cidade.

No desenvolvimento da programação desta edição, considerou-se que, para fazer ciência e desenvolver tecnologias sociais com vistas à redução das desigualdades em favelas, devem-se considerar os contextos vividos pela população e pelos trabalhadores dos equipamentos públicos de saúde, educação, cultura e outros serviços situados nesses lugares.

Assim, cabe considerar algumas dessas condições efetivas, reconhecendo os enormes desafios e obstáculos existentes, entre os quais se destacam controle territorial pelo crime, confrontos armados e banalização dos espaços internos dos equipamentos públicos nesses locais, total insegurança decorrente, em grande parte, de uma política de segurança pautada no confronto armado, na violação de direitos civis e políticos etc. Para os cidadãos desses territórios poderem estudar e pesquisar, pressupõe-se a existência de um ambiente livre, seguro e saudável.

Foram planejadas atividades entre os dias 15/10 e 21/10 nos campi da Fiocruz e da UFRJ, e nos dias 24/10 e 25/10 em escolas de Manguinhos e da Maré.

Em mais um ano de parceria entre as referidas instituições na SNCT, a articulação junto aos coletivos dos territórios de favelas oportunizou a construção de uma proposta de agenda anual integradora de saberes a partir das datas comemorativas previstas nos calendários nacional, estadual e municipal. De tal forma que, em novembro próximo, em homenagem ao ao Dia Nacional da Consciência Negra, será realizado um encontro entre estudantes e egressos dos nossos cursos de graduação e pós-graduação  residentes nesses territórios.

Um dos objetivos dessa articulação em torno da SNCT é, ao longo do ano, desenvolver conjuntamente atividades mensais, valorizando a construção de conhecimentos, metodologias, processos e experimentos tecnológicos, relacionados com os princípios e conceitos da tecnologia social, pelos grupos e organizações populares e comunitários.

Espera-se que, a partir do encontro dos saberes vivenciados nos territórios de favelas com os saberes construídos em nossas instituições, possamos provocar debates e reflexões em torno da ciência e da tecnologia para redução das desigualdades, possibilitando mudanças nos territórios vizinhos aos campi.

Nós (Fiocruz e UFRJ) trabalhamos pelo fim das desigualdades econômicas e sociais e pela valorização da diversidade humana.

FAVELA É CIDADE!

DEMOCRACIA E RESPEITO À DIVERSIDADE!