Reportagem do jornal O Globo deste domingo (30/9) sobre hospitais universitários do Rio de Janeiro menciona o Complexo Hospitalar da UFRJ. Em relação aos hospitais e institutos que compõem a rede da Universidade, cabe explicar que:
1. Hospitais universitários possuem natureza distinta dos demais, da rede SUS
Os hospitais universitários diferem-se dos hospitais da rede SUS por conciliarem atendimento à população com atividades de ensino, pesquisa e extensão. Seu custo de funcionamento, portanto, abarca não apenas a atenção aos pacientes, como o processo de formação de discentes e investimentos contínuos em pesquisa.
Parcela significativa dos procedimentos dos hospitais universitários não existe na tabela do Sistema Único de Saúde. Assim, a consulta ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do Governo Federal expressa apenas uma parte dos procedimentos realizados no Complexo Hospitalar da UFRJ.
O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), maior hospital da Universidade, possui uma série de procedimentos incorporados à sua rotina de pesquisa, mas que não entram nos registros do SUS. Por exemplo: densiometria óssea, ecoendoscopia, ecobronscopia e procedimentos ligados ao tratamento de tuberculose multirresistente. O hospital também faz parte da rede de atendimento a pacientes com tuberculose resistente, produção não contabilizada pelo SUS.
2. Gestão e resultados
Os hospitais da UFRJ funcionam como modelos de referência para áreas como psiquiatria, ginecologia e obstetrícia, pediatria e enfermagem, entre outras. Atendem à população do Rio de Janeiro com resultados anuais expressivos, mesmo diante de problemas críticos de subfinancimaneto de décadas para infraestrutura e, mais recentemente, de cortes orçamentários para custeio e investimento, nos últimos quatro anos.
Em relação à melhoria no atendimento à população, a UFRJ vem trabalhando junto à Secretaria Municipal de Saúde a proposta de um modelo que solucione o alto índice de absenteísmo de pacientes, o que interfere na fila de atendimentos. Há registros de até 60% de não comparecimento a consultas reguladas pelo Sistema de centrais de Regulação do SUS (Sisreg). Atenção primária, regulação e atenção especializada estão nessa discussão de novo modelo.
Também está em fase de implantação na UFRJ o sistema AGHUse, considerado como software referencial no Brasil, para a gestão de hospitais universitários. Desenvolvido no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, permite registrar os processos administrativos, assistenciais e de apoio à assistência de forma integrada, com o objetivo de melhorar o atendimento ao paciente, o acesso à pesquisa e a gestão administrativa da instituição. A primeira unidade com acesso ao sistema foi o Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Ipub) e o próximo a adotar o sistema será o HUCFF.
3. Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) é o maior hospital do Rio de Janeiro em volume de consultas, principalmente de ambulatórios especializados em alta complexidade. A dificuldade vivenciada por esta instituição faz parte de um contexto que atinge todos os hospitais universitários federais, o subfinanciamento, que causa problemas na estrutura e no funcionamento, além de limitar a expansão do Sistema Único de Saúde (SUS), que é o maior sistema público de saúde do mundo. Apesar disso, por dia, são realizados no HUCFF cerca de 1200 atendimentos ambulatoriais, 108 procedimentos de imagem e, em média, 25 cirurgias. Além de 317 pesquisas em andamento.
A Direção Geral do HUCFF tem priorizado buscar a normalidade administrativa e acadêmica do hospital, a partir de medidas que promovam um melhor gerenciamento e funcionamento da unidade. Em 2018, o hospital reduziu substantivamente o número de compras emergenciais, planejando melhor as suas licitações. Também aumentou a produção na assistência – cirurgias e procedimentos ambulatoriais – e prevê a instalação, nos próximos meses, de um novo tomógrafo e um novo acelerador linear, utilizado em radioterapia. Também está programada a instalação de mais um aparelho de Ressonância e um Petscan.
4. Folha de pagamento
No último mês, circularam diversas informações deturpadas sobre a UFRJ, a nosso ver, com objetivo de atacar o seu caráter público e difundindo avaliação desprovida de fundamento por motivos ideológicos em decorrência de perspectiva neoliberal fundamentalista. Com foco no orçamento, incluíam folha de pagamento de pessoal no orçamento para gestão da universidade, sugerindo alto custo para sua manutenção.
Aposentados e pensionistas representam 35% da folha de pagamento, cuja execução é obrigatória e possui reajustes eventuais vinculados à legislação federal. A UFRJ não possui quaisquer poderes para interferir na folha de pessoal. Destaca, portanto, que incorre em erro qualquer tentativa de incorporar essa rubrica à gestão orçamentária, principalmente para a aquisição de novos equipamentos, realização de obras e manutenção regular da instituição.
É o campo científico que legitima a UFRJ. Com mais de 40 programas de pós-graduação considerados de padrão internacional pela Capes, em todos os rankings internacionais a UFRJ é considerada uma das melhores universidades do Brasil. A alta qualidade das suas atividades se expressa, também, em seu programa de pós-graduação em residência médica, reconhecido há anos como um dos melhores do Rio de Janeiro e do país.
A UFRJ é responsável por cerca de 10% dos programas de pós-graduação com qualidade internacional, conceitos 6 e 7 (as notas mais altas possíveis) da Capes e seus cursos de graduação estão entre os melhores do Brasil, conforme resultados do Enade e do MEC. O HUCFF forma, anualmente, cerca de 200 residentes vindos de todo o país, que são essenciais às atividades hospitalares do Rio de Janeiro.
Reitoria da UFRJ
30/9/2018