Nesta sexta-feira (28), a revista Science, um dos veículos acadêmicos mais prestigiados do mundo, publicou um editorial sobre a crise no Brasil, em que aponta o incêndio no Museu Nacional como lembrete para a relevância de promover a ciência e a cultura. A autora é Beatriz Barbuy, professora do Departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Comitê Pró-ESO da Sociedade Astronômica Brasileira.
“O mais antigo, maior e provavelmente mais importante museu histórico e científico da América Latina foi consumido pelo fogo, estimulado por uma infraestrutura negligenciada e degradada”, foram as palavras da professora para iniciar a reflexão. Para Beatriz, a tragédia é um alerta de que o Brasil precisa promover, em vez de negligenciar, a ciência e a cultura.
A autora elenca a crise financeira no Brasil como um dos motivos para a diminuição constante do apoio à ciência, mas pondera como esse incentivo é necessário para que o país alcance a prosperidade econômica no futuro. Beatriz argumenta que as sociedades mais fortes atingem competitividade justamente apoiando empreendimentos científicos.
“Há também uma percepção errônea no Brasil de que a ciência e a tecnologia têm pouco impacto na economia”, lamenta a professora. Ela faz uma comparação com a Europa, onde, em 2016, a produção científica universitária impulsionou a economia europeia com a geração de aproximadamente 1,3 milhão de empregos, além de 100 bilhões de euros, segundo a League of European Research Universities.
“O atual orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) é de apenas 40% do de 2010 (corrigido pela inflação), mesmo depois de se fundir com o Ministério das Comunicações, em 2016. Ao mesmo tempo, a moeda desvalorizou pela metade”, destaca Beatriz Barbuy. Ela reafirma a importância de “restabelecer o compromisso com a ciência e resgatar o país de maior declínio econômico”.
Leia o artigo na íntegra no site da Science.