Na quinta-feira (13/9), o reitor da UFRJ, Roberto Leher, reuniu-se com professores eméritos e decanos da Universidade para discutir a situação do Museu Nacional (MN). Muitas das falas reafirmaram a necessidade de defesa da autonomia universitária e a indissociabilidade entre a UFRJ e o Museu, bem como a importância acadêmica dele.
Para Leher, o Museu expressa, simbólica e materialmente, a história do Brasil e o nosso processo sócio-histórico, patrimônio arqueológico, geodiversidade e estudos linguísticos. Ele ressaltou que “é importante, diante dessa situação dolorosa, a UFRJ fazer uma reflexão sobre o sentido do que aconteceu e também apontar caminhos de superação e reconstrução”.
Houve também críticas à atuação da mídia brasileira na cobertura do incêndio. O professor da Escola de Comunicação (ECO) Muniz Sodré considerou que os meios de comunicação são contrários ao funcionamento das instituições públicas. “Na quarta-feira (12/9), 12 diretores de museus de todo o mundo manifestaram solidariedade ao MN e, indiretamente, à UFRJ, mas a imprensa não divulgou isso, porque ela é inimiga das instituições de ensino. A informação é antitética à educação.”
Na visão de Ronaldo Pereira Lima Lins, da Faculdade de Letras (FL), está acontecendo uma crise fundamentada ideologicamente, que se transformou em uma campanha contra as universidades públicas. No entanto, o professor acredita que a UFRJ vai sair desse episódio ainda mais unida. “É um momento difícil, mas nos levantaremos em cima disso, porque nós, seres humanos, estamos habituados a processos de destruição e posterior reconstrução.”
Ao final da reunião, os eméritos redigiram uma nota de apoio à UFRJ, na qual também rejeitam iniciativas de privatização do Museu que punam o saber e a liberdade de explorá-lo. Leia a nota abaixo:
“Os professores eméritos da UFRJ, reunidos no dia 13/9, no salão nobre do Conselho Universitário, tendo em vista a importância de nossa instituição acadêmica, sempre unida na sua diversidade em torno do saber, vem a público manifestar sua coesão em defesa do que somos e do que queremos ser.
A UFRJ não pôs fogo em seu patrimônio. Administra com rigor e com muito zelo uma multiplicidade de unidades que funcionam e que nos mantém no topo do ensino superior no Brasil. Por isso, nós, eméritos, jamais deixaremos de nos pronunciar, com a certeza de que a Reitoria está no caminho certo.
Não aceitamos iniciativas de privatização que punam o saber e a liberdade de explorá-lo.
A UFRJ precisa se fortalecer, jamais se enfraquecer. Somente assim, com uma universidade pública corajosa e em constante crescimento, alcançaremos um país emancipado e desbravador na área do conhecimento.”
Edwaldo Machado Cafezeiro
Nelson Albuquerque de Souza e Silva
Nei Pereira Júnior
Adelaide Maria de Souza Antunes
Adalberto Ramon Vieyra
Vivaldo Moura Neto
Francisco Antônio de Moraes Accioli Dória
Muniz Sodré de Araújo Cabral
Emmanuel Carneiro Leão
Walter Arno Mannheimer
Carlos Russo
Francisco Radler de Aquino Neto
Hatisaburo Masuda
Maria Auxiliadora Coelho Kaplan
Cláudio Costa Neto
Franklin David Rumjaneck
Miriam Lemle
Jorge Fernandes da Silveira
Luiz Felipe da Silva
Basilio de Bragança Pereira
Carlos Alberto Nunes Cosenza
Nicim Zagury
Nelson Velho de Castro Faria
Willy Alvarenga Lacerda
Ronaldo Pereira Lima Lins
Margarida Thereza Nunes da Cunha Menezes
Sônia Gomes Pereira
Takeshi Kodama
Luiz Felipe Alvahydo de Ulhôa Canto
Moacir Sancovschi
Luiz Pinguelli Rosa