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Escola ajuda a fabricar “doença” na infância

Muitos conflitos e dificuldades inerentes à existência humana estão sendo diagnosticados, hoje, como transtornos psiquiátricos. Impulsionada pela indústria farmacêutica, a solução mais fácil para o “sofrimento psíquico” tem sido a prescrição de psicofármacos. A busca pelas causas dos sintomas ficou em segundo plano.

Esse é um processo conhecido como medicalização da vida. “Ela passa a ser disciplinada pelas regras definidas pelo discurso médico”, afirma Jacqueline Cavalcanti Chaves, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas (Nipiac) da UFRJ.

Uma das classificações mais polêmicas é a que rotula crianças com peculiaridades e histórias de vida diferentes a partir de uma “doença” genérica: o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

“Há pesquisas hoje que mostram que crianças com 3 ou 4 anos de idade estão sendo diagnosticadas com o transtorno”, conta Jacqueline, que é professora da Faculdade de Educação (FE) e tem doutorado em Psicologia pela UFRJ.

A inflação de diagnósticos de TDAH parece também ter chegado à escola – que se converte cada vez mais em propagadora da medicalização da infância – e pode se tornar um problema para o desenvolvimento infantil.

Nesta entrevista ao Conexão UFRJ, a pesquisadora do Nipiac/UFRJ diz que dificuldades de aprendizagem estão sendo atribuídas ao TDHA sem que a realidade social e cultural da criança seja levada em conta.

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