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Memória

1º de maio de 2018: resistência, unidade e reconquista de direitos

Carta da Reitoria aos servidores e servidoras da UFRJ

Prezados servidores e servidoras da UFRJ,

Em tempos que exigem união e consciência de coletividade, a Universidade Federal do Rio de Janeiro é um exemplo para a sociedade por seu engajamento na afirmação de direitos humanos e sociais e pelo trabalho acadêmico compromissado com o desenvolvimento socioeconômico do país e dos povos.

O 1º de maio de 2018, Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, interpela o futuro da nação e o processo civilizatório: todos e todas estamos desafiados a resgatar os direitos sociais duramente conquistados ao longo de décadas e suprimidos de modo estrutural nos últimos anos, entre outras medidas pela Emenda Constitucional 95, que encolhe ano a ano a dimensão social do Estado, inviabilizando a ciência, a tecnologia, a cultura e a arte, e provocando, mais amplamente, miséria, fome e desalento.

Vivemos uma das conjunturas mais desfavoráveis para as trabalhadoras e os trabalhadores do país. A reforma trabalhista precarizou de forma radical os contratos trabalhistas, instituindo a jornada intermitente, a terceirização das atividades-fim e a flexibilização das garantias sociais que deveriam reger a vida laboral de todas e todos que vivem do próprio trabalho. Ao contrário da publicidade oficial, os índices de desemprego aberto revelam um quadro extremamente grave, superior a 13%, atingindo especialmente a juventude. Milhares de jovens formados em nossas universidades temem pelo futuro. Os recentes dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram a piora em todos os indicadores socioeconômicos do país.

A Reitoria da UFRJ entende que não haverá desenvolvimento nacional à custa do arrocho salarial, da flexibilização dos direitos trabalhistas, do agravamento das condições de vida da grande massa de trabalhadores e da volta de milhões de brasileiros ao odioso mapa da fome mundial. Esse quadro exige a mobilização das universidades públicas e gratuitas, instituições empenhadas na busca democrática de soluções para os problemas sociais.

Por poderem analisar os acontecimentos de modo histórico, as universidades públicas estão alertando a nação  da importância da defesa da democracia no Brasil. Urge elevar o padrão técnico-científico e ético do aparato de segurança, harmonizando suas ações com os direitos humanos. O país convive com índices de violência urbana superiores aos de países em guerra, violência que incide, sobretudo, sobre a juventude negra que vive nas favelas e periferias urbanas. A violência política, uma dura realidade no país, torna-se cada dia mais grave. 

São lideranças camponesas, ribeirinhos, ativistas de direitos humanos e militantes políticos comprometidos com o agir ético, a exemplo do brutal assassinato de Marielle e Anderson. Setores do Judiciário alimentam essa via perniciosa com atuações politicamente orientadas e a inobservância dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. A recente presença do Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel em nossa Universidade, por ocasião de sua inspiradora Aula Magna, é uma demonstração importante do lado em que se posiciona a UFRJ.

Acreditamos que a construção da unidade de todas as forças sociais comprometidas com a democracia e os direitos fundamentais é o caminho que pode promover a grande transformação necessária ao nosso país. 

A UFRJ é herdeira e protagonista das lutas democráticas mais importantes do Brasil nos últimos 100 anos. Quando perguntamos “quem trabalha na UFRJ?”, sem dúvida, vêm à mente as figuras de mulheres e homens que acreditam na mudança comprometida e democrática. A vocês, nosso reconhecimento pelo trabalho dedicado e inventivo! 

Reitoria da UFRJ