Categorias
Memória

Instituições protestam contra corte de energia elétrica na UFF

Suspensão do serviço afetou mais de 60 mil pessoas na Universidade Federal Fluminense

Um documento assinado por instituições universitárias do país manifesta apoio e solidariedade à Universidade Federal Fluminense (UFF), que teve suspenso o fornecimento de energia elétrica em suas instalações, no dia 12/12. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitores de 17 instituições, entre elas a UFRJ, subscrevem o manifesto.

Até a tarde desta quinta-feira (21/12), a Reitoria da universidade continuava sem abastecimento. Confira a íntegra do texto:

Manifestação de solidariedade à UFF pelo corte de energia desleal

Cumprindo nosso papel de gestores das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), manifestamos publicamente nosso apoio e solidariedade à Universidade Federal Fluminense (UFF) pelo desligamento abrupto, feito pela Enel, da energia do seu prédio de administração central. Com consternação e preocupação, recebemos a informação da interrupção do fornecimento de serviços básicos da universidade, ato descompromissado que atinge mais de 60 mil pessoas.

O desligamento do prédio da reitoria é resultado direto da crise de financiamento que atinge a todo o sistema federal de educação. Nos últimos anos, nos foi imposto pelo Ministério da Educação um quadro de gargalo financeiro que sufoca a sobrevivência plena das universidades. Há um descompasso entre a queda no orçamento anual das verbas para manutenção e para investimento nas instituições federais, de um lado, e o aumento de tarifas, serviços e contratos no mesmo período. De exemplo, é sabido que a energia está 51% mais cara desde 2012. No dia 19 de dezembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) novamente propôs um aumento de mais de 17% para os clientes da Enel. Números que vão muito além do reajuste inflacionário.

Longe de ser um problema de gestão, como aponta o MEC, os atrasos no pagamento das contas de energia decorrem do subfinanciamento das Universidades Federais. Enfatizamos que não há problema de administração pública, mas de congelamento de verbas. No mesmo dia 19, recebemos a notícia de que o MEC pretende controlar 50% do orçamento de capital para “melhorar a eficiência na gestão das obras”. Este é mais um duro golpe à autonomia universitária realizado pelo governo federal.

Pressionados pelo gargalo econômico, os gestores das instituições federais têm adotado princípios e medidas de responsabilidade fiscal e governança eficiente que levaram à renegociação de contratos, campanhas de racionamento e parcelamento de débitos. Infelizmente, em muitas universidades, essa conjuntura levou à diminuição da equipe de trabalho de terceirizados, sobretudo de prestadores de serviços de segurança e de limpeza.

Por isso, longe de uma situação particular da UFF, universidades como UFMG, UFRJ e UFBA também vêm sofrendo para quitar suas contas. Reforçamos nossa posição de união firme e inabalável contra o processo de sucateamento imposto às universidades e fazemos coro à luta da UFF contra a suspensão de sua energia e consequente paralisação das atividades administrativas.

Ratificamos e endossamos a defesa irrestrita das universidades públicas, gratuitas e de qualidade. Instituições de ensino cumprem um papel social inestimável de inclusão, redução da desigualdade e formação crítica e profissional dos trabalhadores, professores e pesquisadores indispensáveis ao crescimento dessa nação. Oferecemos à Universidade Federal Fluminense completa solidariedade contra essa afronta da Enel, que ignora o caráter essencial da educação superior e o interesse público da sociedade, e conclamamos o MEC a efetivar medidas que possibilitem a superação definitiva do custeio da energia, inclusive os passivos que se avolumaram após o tarifaço de 2015 e os fortes contingenciamentos  de recursos para as Federais.

Subscrevem:

Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES Regional Sudeste

CEFET-MG – CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

FLÁVIO ANTÔNIO DOS SANTOS

CEFET-RJ – CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA

CARLOS HENRIQUE FIGUEIREDO ALVES

UFES – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

REINALDO CENTODUCATTE

UFJF – UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

MARCUS DAVID GOMES DE REZENDE

UFMG – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

JAIME ARTURO RAMÍREZ

UFOP – UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

CLÁUDIA APARECIDA DE LIMA MARLIÉRE

UFRJ – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ROBERTO LEHER

UFRRJ – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

RICARDO LUIS LOURO BERBARA

UFSJ – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

SÉRGIO AUGUSTO ARAÚJO DA GAMA CERQUEIRA

UFTM – UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

ANA LÚCIA DE ASSIS SIMÕES

UFU – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

VALDER STEFFEN JÚNIOR

UFVJM – UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

GILCIANO SARAIVA NOGUEIRA

UNIFAL-MG – UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

PAULO MÁRCIO DE FARIA E SILVA

UNIFEI – UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

DAGOBERTO ALVES DE ALMEIDA

UNIFESP – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

SORAYA SOUBHI SMAILI

UNIRIO – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

LUIZ PEDRO SAN GIL JUTUCA

Subscreve ainda:

IFFluminense – INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

JEFFERSON MANHÃES